Christine Ourmières-Widener processa TAP e pede 5,9 milhões de euros

6.9.2023 – 

A ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, deu oficialmente entrada com um processo em tribunal contra a TAP, avança o ECO. A antiga presidente executiva da companhia aérea pede 5,9 milhões de euros de indemnização.

O processo deu entrada na terça-feira no Tribunal Cível de Lisboa.

Christine Ourmières-Widener já tinha anunciado a intenção de processar a TAP na sequência do seu despedimento.

A indeminização e o despedimento

A 4 de abril deste ano, a presidente executiva da TAP compareceu à comissão de inquérito à TAP onde disse ser “um mero bode expiatório” no caso da indemnização a Alexandra Reis e acusou o Governo de fazer um despedimento “ilegal e pela televisão”, sem respeito por uma executiva sénior.

“Sou um mero bode expiatório”, afirmou a presidente executiva (CEO) da companhia aérea, na apresentação inicial da sua audição na comissão de inquérito à TAP, na qual está acompanhada pelos dois advogados.

Relembramos que Alexandra Reis teria sido convidada a sair da comissão executiva da companhia aérea, por suposto mútuo acordo, com uma indemnização de 500 mil euros.

Esta situação gerou o despedimento da CEO, Ourmières, e do chairman, após ponderação e avaliação de um relatório da IGF a pedido do Governo, que a ex-CEO qualificou estarem a inseri-la numa “batalha política”.

Por considerar que o seu despedimento não teve por base “uma justa causa”, a ex-CEO pede, agora, uma indemnização 10 vezes maior do que a que levou ao seu despedimento e que a sua ex-colega ia auferir.

Versão do Governo e o relatório da IGF

Apesar desta versão, o ministro das Finanças garantiu, na altura, que a ex-presidente executiva da TAP soube que ia ser exonerada por justa causa no dia 5 de março, véspera do anúncio público em conferência de imprensa, contrariando a versão da gestora.

“Estou a transmitir o relato fiel, verdadeiro, integral do que foi o âmbito da conversa no domingo [5 de março] , uma reunião formal para lhe comunicar que, recebido o relatório da IGF e ponderadas as suas conclusões, a demissão da engenheira Christine e do presidente do Conselho de Administração – [com Manuel Beja] essa conversa foi com o ministro das Infraestruturas – não seria possível a sua continuidade e que eu iria propor o início do processo relativamente à sua demissão com justa causa”, afirmou Fernando Medina, na comissão parlamentar de inquérito à TAP.

Em abril, a ex-CEO disse ter tido uma reunião com Fernando Medina na véspera do anúncio da sua demissão, mas que em nenhum momento foi informada de que seria demitida com justa causa, apenas de que a “situação estava complicada”.

“Eu tive uma reunião com o ministro das Finanças no domingo à noite antes da conferência de imprensa e durante essa discussão ele expressou que a situação estava complicada, mas ele não me deu a informação que seria demitida com justa causa no dia seguinte”, respondeu então a ex-CEO, depois de consultar por breves momentos os dois advogados que a acompanharam.

Segundo Ourmières-Widener, foi-lhe dito que “havia uma conferência, mas nunca lhe foi explicada a natureza do que aconteceu no dia seguinte”.

A ex-CEO disse também que teve uma curta reunião de 10 ou 15 minutos com o ministro das Infraestruturas, João Galamba, na manhã da conferência de imprensa, a pedido da presidente executiva da companhia aérea.

“Não sabia da justa causa, de todo, antes da conferência de imprensa. Estava apenas à espera de ser demitida”, disse então Ourmières-Widener.

Medina sublinhou que tinha sido “transmitida à engenheira Christine de forma precisa e rigorosa” a decisão, na véspera.

“Consciente que esta decisão – inevitável face às conclusões da IGF – teria danos reputacionais na sua carreira, propus à engenheira Christine que estaria na disposição de, se ela tivesse esse entendimento, aceitar a sua demissão”, realçou Fernando Medina, num ato que classificou de “proteção” face a uma situação que entendeu que podia ser mais danosa para a gestora.

O ministro das Finanças admitiu que preferia não ter de tomar aquela decisão, “mas, em consciência, não podia tomar outra”.

O Governo anunciou, a 6 de março, que a Inspeção-Geral de Finanças (IGF) tinha concluído que o acordo celebrado para a saída antecipada de Alexandra Reis da TAP era nulo e que ia pedir a restituição dos valores, bem como a exoneração por justa causa dos responsáveis da companhia.

SIC Notícias