A Sociedade Central de Cervejas (SCC) manifestou “estranheza” pela divulgação pública de que está a analisar “um projeto embrionário” de fusão de algumas empresas do grupo, feita, na terça-feira, pela Câmara Municipal da Mealhada.
O presidente desta autarquia do distrito de Aveiro, Rui Marqueiro, insurgiu-se em conferência de imprensa contra a possibilidade de a histórica Sociedade Águas do Luso vir a desaparecer por causa da eventual fusão de empresas controladas pela Sociedade Central de Cervejas (SCC).
O autarca revelou ter tido conhecimento da situação através de um telefonema do Conselho de Administração da SCC, alertando para a possibilidade de fusão de diversas sociedades, por uma razão de economia de escala.
“Nada temos a comentar publicamente de um projeto embrionário que ainda está em discussão interna e com ‘stakeholders’ externos, daí muito estranharmos este ‘disclosure’ público por parte da Câmara Municipal da Mealhada”, refere Nuno Pinto de Magalhães, diretor de Comunicação e de Relações Institucionais da SCC, em declarações à agência Lusa.
Nuno Pinto de Magalhães adianta ainda que “o projeto embrionário” de uma eventual fusão de empresas controladas pela SCC “em nada afetará os direitos e obrigações da Sociedade Água do Luso perante os seus colaboradores e terceiros”.
Na conferência de imprensa, Marqueiro avisou que “a fusão condena a SAL, põe fim a uma história com mais de 160 anos de ligação ao Luso, aos seus habitantes e ao concelho”.
O autarca reconheceu que não estavam em causa postos de trabalho e que a eventual fusão é um ato comercial de uma empresa privada, que a Câmara da Mealhada dificilmente pode impedir.
“Resta-nos pedir com humildade à SCC, que é o que estamos a fazer”, acrescentou, evocando “a história gloriosa” da SAL no desenvolvimento da vila onde ficam situadas as nascentes. “O Luso não seria o que é sem a Sociedade”, referiu.
O autarca lembrou à SCC que “a Mealhada e o Luso corresponderam” quando a Central decidiu mudar do Luso para a Vacariça os escritórios e a linha de engarrafamento, no início do século.
“Essa mudança representou um custo pesado. Hoje, não há um banco no Luso, porque saíram de lá os escritórios. E não há um café na Vacariça por causa dos camiões de transporte das garrafas. Perdeu o Luso e a Vacariça não ganhou”, resumiu Marqueiro.
O autarca referiu ainda que a SCC paga um preço simbólico pela utilização de quatro quilómetros de condutas de água, das nascentes à linha do engarrafamento, que atravessam terrenos municipais e privados.
“Não há nisto qualquer ameaça”, garante Marqueiro, acrescentando que “é impensável acabar uma história gloriosa de 168 anos com uma escritura pública”.
Rui Marqueiro estava acompanhado pela presidente da Assembleia e pelos presidentes das freguesias do Luso e Vacariça, onde a SAL mantém em funcionamento escritórios e linha de engarrafamento.
Lusa