“CASA DE ARTISTA”: Nuno Pedreiro internacionalizou a sua arte

O artista que nunca esquece as suas origens abriu as portas do seu atelier aos leitores do Jornal Mira Online. Ali, em apenas vinte e cinco metros quadrados moram muitos quadros e memórias…

Nasceu na Venezuela, veio cedo para Portugal e tornou-se, ao longo dos anos, um dos maiores representantes das artes plásticas da Gândara. Nuno Pedreiro conheceu Fernando Mendes, entrou para o “Preço Certo”, cresceu, ampliou horizontes e voou para outras paragens, onde se deu a conhecer, alargando – desta forma – aquela que é, hoje, uma enorme falange de fãs da sua arte.

Sem nunca ter frequentado uma faculdade de Belas Artes, Nuno Pedreiro fez-se artista por conta de um talento que, admite, nasceu com ele. A experiência, o aprimoramento, os anos – em suma – transformaram um mero talento em arte admirada por gente que vai, desde os “craques da bola” até os emigrantes, estes, sempre saudosos dos seu longínquo porém, jamais esquecido, Portugal. São eles que descobriram nos desenhos e pinturas deste artista, uma forma de matar um pouco as saudades da terrinha ou, simplesmente, homenageá-la com pinturas nas paredes dos seus negócios.

Nuno Pedreiro é, hoje, um homem que sente-se feliz por perceber que a sua mensagem “tem passado ao longo dos tempos”, quando vê crianças a tentar seguir os seus passos, deixando-lhe nas mãos as suas “pequenas obras inciais”. Um homem orgulhoso por lembrar-se, todos os dias, que saíram de uma pequena aldeia do Concelho de Mira, obras artísticas que se encontram espalhadas “um pouco por quase todo o mundo” e podem ser vistas em museus particulares ou em salas de casas de “pessoas dos mais diferentes estratos sociais, que se reveem, de alguma forma, no meu trabalho”.

Há 5 anos presente junto das comunidades portuguesas – mais diretamente nos Estados Unidos – Nuno vai constatando, através das viagens já feitas, que “os nossos emigrantes vivem muito o folclore e as festas que aqui vão sendo deixadas, um bocadinho, de lado”. Com o que considera ser o seu “poder de comunicação”  foi conquistando, paulatinamente, o seu espaço no coração da Diáspora Lusitana, travando novas amizades que, desde a primeira hora, abriram-lhe portas para que os seus sonhos fossem sendo conquistados, um a um.

Mas, Nuno Pedreiro não segue em frente, não sobe no patamar artístico sem deixar de lembrar os “amigos que me deram a mão, um dia”Não! Esse pintor e desenhador que tem como apelido Pedreiro, não esquece “jamais” as origens, nem o momento atual. Dentro do coração deste homem luso-venezuelano, cabem nomes como Fernando Mendes, João Maleiro, Zezé Colaço – “que saudades deste amigão que, um dia, ainda no início, confiou na minha obra…” – ou outros, mais recentes, como “Manuel Quinta-feira e tantos e tantos que podia, aqui, nomear…”.

Nuno Pedreiro mantém a humildade de sempre, pratica o mesmo amor à arte de quando expunha seus quadros na Festa de São Tomé, em Mira, onde foi descoberto por um “verdadeiro senhor que dá pelo nome de Fernando Mendes”. Nuno Pedreiro não esquece os tempos em que ia ao Olival tratar de negócios homens como José Mourinho e seus jogadores, nos tempos em que estavam no FC Porto ou ia a Alvalade e à Luz, também tratar de negócios com homens como Tony, o malogrado Miklós Fehér, Liedson e tantos e tantos outros… “sempre de comboio, com os desenhos e as pinturas a companhar-me, pois os tempos não eram nada fáceis…”.

Se hoje Nuno Pedreiro faz-se deslocar em outros veículos bem mais confortáveis que o eterno sacolejar dos comboios, isso deve-se à sua força de vontade, à sua luta ininterrupta contra todos os que vaticinaram outros tipos de vivências, desde o momento em que resolveu assumir o seu talento e correr atrás do que ambicionava.

Desenhando e pintando pelo mundo fora “paisagens muito nossas, como os elétricos de Lisboa, a Arte Xávega ou as Casas Gandarezas” esse homem que admite ser “um orgulhoso gandarez” não perde nunca, a oportunidade de contar “cenas desta vivência incrível aos nossos compatriotas que emigraram”. Ele, também desta maneira, leva mais um cheirinho da terra lusitana a quem morre de saudades dela…

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Jornal Mira Online