Carro roubado foi registado cinco vezes com dados falsos

 

Um comerciante de automóveis de Guimarães é acusado de ter usado um testa de ferro para vender um Mercedes furtado e avaliado em 40 mil euros, e de ter voltado a furtar esse veículo no Algarve.

A rocambolesca história desse Mercedes que, apesar de ser furtado, foi registado cinco vezes com dados falsos na conservatória vai em breve a julgamento. Cinco arguidos responderão por furto, recetação dolosa e falsificação de documentos.

Segundo a acusação do Ministério Público (MP) do Porto, Manuel C., 44 anos, vendedor de automóveis, de Guimarães, entrou, em março de 2012, na posse do Mercedes S320 CDI furtado. Como queria vender o veículo e evitar que aparecesse o nome dele no negócio, por saber da origem duvidosa do carro, arranjou um testa de ferro, Rui F., de 40 anos, também de Guimarães, que, na altura era toxicodependente.

É acusado de ter preenchido um requerimento de registo de venda de automóvel, falsificado duas assinaturas como sendo as de dois responsáveis do banco Millennium BCP, que era o proprietário do carro. Para dar mais credibilidade ao documento, também colocou no requerimento a assinatura e o carimbo de uma advogada, dando assim a aparência de que as rúbricas dos supostos responsáveis do banco tinham sido oficialmente reconhecidas. Como comprador, assinou o testa de ferro.

O requerimento, acompanhado de um pedido de segunda via do certificado de matrícula, foi apresentado na conservatória de Fafe, que deu andamento ao processo. O toxicodependente Rui F. passou a ser o “legítimo” dono do Mercedes S320, com documentos oficiais. Entretanto, Manuel C. arranjou um comprador para o carro. Só que nessa venda teve outro problema: num encontro para firmar o negócio, no Porto, o potencial interessado fugiu com o Mercedes.

Poucos dias depois, o automóvel foi encontrado no Entroncamento, na posse de um casal, Rui M. e Vera S., ambos intermediários em negócios de carros, de 34 anos. O MP não conseguiu apurar como eles conseguiram entrar na posse do veículo, mas afirma que sabiam que o automóvel era furtado e usaram o mesmo esquema que o negociante de Guimarães para o registar. Usando um testa de ferro, então com 19 anos, que aceitou servir de falso comprador, e falsificando a assinatura do outro testa de ferro de Guimarães, conseguiram registar o Mercedes na conservatória de Lisboa e ficar novamente com documentos legais.

Surgiu então o empresário do Algarve que desconhecia o historial de sucessivos crimes e comprou o carro por 46 mil euros, através de 26 mil euros em cheque e a entrega de dois veículos. O carro foi então novamente registado, desta vez na Loja do Cidadão de Faro, onde o empresário da restauração obteve todos os documentos legais.

Fonte Jornal de Noticias