Carlos Negrão explica o motivo pelo qual deixou a Presidência do CF “Os Marialvas”

“Os últimos dias têm sido difíceis para mim. Entreguei, no passado dia 12 de Julho, ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Clube de Futebol “Os Marialvas”, uma carta a apresentar a minha demissão do cargo de Presidente do Clube de Futebol “Os Marialvas”. Esta informação já foi tornada pública nomeadamente no Facebook mas de facto, não posso deixar de vos escrever estas sinceras palavras, quanto mais não seja, em jeito de agradecimento a todas as calorosas palavras que “infelizmente” fui lendo nos múltiplos comentários que recebi.

Foram alguns anos, desde 02 de agosto de 2016, de dedicação total, de lutas, algumas delas infrutíferas, mas também de muitas alegrias. Foram cerca de 5 anos da minha vida, em que outros projetos ficaram para trás, mas que me encheram o coração com os êxitos atingidos, fundamentalmente por ter conseguido garantir a continuidade da vida do clube e, além disso, ter melhorado substancialmente as contas da instituição.

Sim, em 2016, as coisas não estavam nada famosas, com processos que se arrastavam desde 2003/2004 em que dirigentes à data assumiram posições que tiveram repercussões até dia 24 novembro de 2016, data em que o clube regularizou a sua situação fiscal com o fisco pagando cerca de 60 000€ de divida!… Este é apenas um exemplo do que se passou nos últimos 5 anos…

Muito mais importante que isso foi ter conseguido, juntamente com o resto da equipa, garantir as condições para a prática desportiva organizada a milhares de crianças e, além disso, ter conseguido também atingir resultados desportivos históricos ao nível da formação!

Enfim, uma história que considero muito bonita que acaba de uma forma um pouco amarga. Sim, amarga, pois por vezes valores extra clube sobrepõem-se a princípios que demoram toda uma vida a consolidar.

Infelizmente as razões pelas quais abandono o projecto não são as mais agradaveis, aliás não tenho qualquer tipo de dificuldade em tornar publico que fui “empurrado” para fora do projecto. Não pode ser admissível que em pleno seculo XXI, o simples facto de, a título pessoal, me ter disponibilizado para fazer parte de uma lista do Partido Socialista em Cantanhede fosse o suficiente para que isto acontecesse. A realidade por vezes tem contornos que a própria ficção tem dificuldade em explicar.

De grosso modo, fui confrontado perante uma potencial “solução” (financeiro/desportiva), com conversas prévias mantidas sem o meu conhecimento, para o futuro do clube. Na perspetiva dos meus Vice-Presidentes tal “solução” impunha que a Direção não tivesse na sua constituição pessoas com exposição “política”! Ora, uma das coisas que fiz aquando da minha decisão de fazer parte de uma lista do PS para a Câmara Municipal de Cantanhede foi, em reunião de Direcção, questionar se algum colega se sentia desconfortável com tal facto. As objeções identificadas foram nulas! 

Perante uma situação destas julguei que eu não poderia ser um foco de problemas para o clube e optei por deixar os destinos da instituição nas mãos dos que decidiram ceder a este tipo de expedientes muito questionáveis, ainda para mais quando o contacto da dita solução chegou por via de um actor político, de outra cor partidária, com bastante destaque na vida cantanhedense há pelo menos duas décadas!

A vida é assim, é feita e gerida por “forças” normalmente ocultas que continuarei a combater, é feita e gerida pelas agendas de alguns ditos “poderosos”, é feita e gerida por essas marionetas do poder que farei questão de continuar a combater.

Resta-me deixar aqui um muito obrigado a todos os que à sua maneira me ajudaram a orientar os destinos do nosso clube e que, tenho a certeza, continuarão a sofrer pelo Marialvas.

Eu, continuarei a andar por aqui, a ver o que se passa e a “chatear” a cabeça aos que julgam ser donos e senhores dos nossos destinos…

Vou continuar a ser provocador!

Vou continuar a ser agitador!!

Vou continuar a ser MARIALVINO!!!

Tudo porque continuo a acreditar que o que de mais valioso existe na vida é a nossa convicção e os valores que defendemos enquanto seres humanos.

A todos, sem exceção, um grande bem-haja!

MARIALVAS! MARIALVAS!! CANTANHEDE!!!”