“Com aprovação e financiamento pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), está em execução, na Região Centro, um projeto-piloto para a elaboração de uma estratégia e de uma rede regional para a Medicina Genómica, também designada como Medicina Personalizada/de Precisão. O Projeto teve início a 1 de julho de 2021 e termina em 30 de junho de 2023. Envolve um montante financeiro de cerca de 1,2 milhões de euros. A entidade coordenadora é a Universidade de Coimbra.
O Projeto enquadra a informação analítica de base genómica no exercício futuro da Medicina, dada a capacidade da Genómica para conferir maior precisão e personalização, no âmbito da prevenção, do diagnóstico, do prognóstico e da terapêutica. O exercício da Medicina nestas bases gera maior segurança, eficácia e eficiência, logo maior qualidade nas intervenções em saúde pública, nos cuidados de saúde primários e nos cuidados hospitalares. É um novo modelo de exercício da Medicina, que pressupõe também uma participação mais autónoma e informada do indivíduo/cidadão, dos prestadores de cuidados de saúde nos seus diversos níveis e da indústria farmacêutica.
As áreas de maior impacto futuro da Medicina Genómica incluem o cancro e as doenças neurodegenerativas, metabólicas, respiratórias, cardiovasculares e infeciosas, o envelhecimento, a farmacogenética, o microbioma, a identificação pré-sintomática de portadores de susceptibilidade de natureza genética passíveis de prevenção ou de terapêutica individualizada, a medicina da reprodução e a medicina fetal.
O Projeto assenta em quatro atividades principais:
- mapeamento de disponibilidades existentes na Região Centro na área da genómica e elaboração de Relatório para uma Estratégia Regional;
- um projeto piloto destinado à capacitação técnica para a sequenciação genómica, passando pela elaboração de Guião de Boas Práticas e pelo treino e internalização das metodologias de genómica aplicadas ao cancro, a doenças respiratórias e à diabetes;
- a transferência de conhecimento para integração da genómica na rede regional de unidades de saúde e apoio à criação de startups;
- e a disseminação de conhecimento sobre a Medicina Genómica, através da divulgação das suas bases e relevância junto do público em geral e dos profissionais de saúde, da criação de um portal regional, de ações de educação para a genómica destinadas ao público em geral e, nomeadamente, a escolas, e da internacionalização.
A parceria criada para o Projeto integra:
- a Universidade de Coimbra através do Centro de Neurociências e Biologia Celular, do Laboratório de Computação Avançada, do Centro de Estudos e Investigação em Saúde e da UCGenomics/GenomePT, do “Centre for Business and Economics Research” da sua Faculdade de Economia, do Centro de Direito Biomédico da sua Faculdade de Direito e do Laboratório de Sequenciação e Genómica Funcional da sua Faculdade de Medicina;
- a Universidade de Aveiro através do Laboratório de Medicina do Genoma / Instituto de Biomedicina, do Cluster de Computação Genómica, e do GenomePT;
- a Universidade da Beira Interior, através do Centro de Competências em Cloud Computing, do Centro de Investigação em Ciências da Saúde, do Núcleo de Estudos em Ciências Empresariais e da UBImedical;
- os maiores Centros Hospitalares e Hospitais da Região Centro – Leiria, Baixo Vouga, Médio Tejo, Oeste, Coimbra, Tondela-Viseu, Cova da Beira, Guarda, Castelo Branco e IPO Coimbra;
- a Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares / Delegação Regional de Educação do Centro;
- a Associação Portuguesa de Imprensa;
- a Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia.
Relevam-se como virtualidades maiores do Projeto, (1) o envolvimento em parceria das três universidades públicas da Região Centro, (2) a definição de uma estratégia regional para a Medicina Genómica para o período 2021-2030, em parceria com a CCDRC, que reforce a competitividade internacional da Região Centro no setor da saúde, domínio em que é reconhecidamente innovation leader, potencie a eficiência na gestão da saúde tornando-a mais sustentável, melhore a equidade no acesso e fomente a coesão territorial, (3) o incremento da distribuição equilibrada da tecnologia e do conhecimento, (4) a inovação, (5) o apoio à criação de startups, (6) a capacitação para a Medicina Genómica em toda a Região através da transferência e disseminação de conhecimento junto dos profissionais de saúde e do fomento de recursos humanos altamente qualificados, (7) o desenvolvimneto de infraestruturas informáticas com capacidade para gerir a interpretação dos dados genómicos e definir recomendações a implementar nos cuidados de saúde e nos estilos de vida, (8) pautar as ações e as práticas a desenvolver pela exigência dos princípios legais e éticos, (9) a internacionalização, (10) as ações de divulgação e de natureza educativa junto de profissionais de saúde, de estudantes das áreas de saúde, do público em geral e em escolas para fomento de adequada perceção do alcance e limites da Medicina Genómica e do seu uso adequado.”
Por Fernando Regateiro
Professor Catedrático da Faculdade de Medicina de Coimbra. Investigador responsável pelo Projeto