Canção de Coimbra e Cante Alentejano juntos para uma serenata

A Sé Velha de Coimbra serve de palco na quarta-feira a uma serenata diferente, que junta músicos da Canção de Coimbra com um grupo de Cante Alentejano, para um espetáculo de diálogo e confluência entre estas duas expressões culturais.

O espetáculo, inserido no festival Correntes de Um Só Rio – Encontro da Canção, do Fado, da Música e das Guitarras de Coimbra, surgiu, antes de mais, pelo simbolismo de levar o Cante Alentejano – “património irmão” da Canção de Coimbra – à Sé Velha, o palco das serenatas da cidade, mas também pela “experiência da mistura” dos dois géneros musicais, disse à agência Lusa Manuel Portugal, presidente da associação Fado Hilário, que produz este evento.

Nos ensaios entre o grupo de músicos de Coimbra e o grupo Alentejo Cantado, ficou claro que estas duas expressões culturais são muito mais parecidas “do que parecem”,

“Na abordagem da voz, há algumas semelhanças, nos atrasos, nas respirações”, notou Manuel Portugal, referindo que o trabalho em conjunto também obrigou a um regresso às raízes populares da Canção de Coimbra, que “perdeu um pouco essa respiração popular”.

Ao cantar com o grupo de cante, “fica imediatamente colocado nesse registo e, só por isso, já fez bem [este encontro]”, vincou o músico.

Para Pedro Mestre, do grupo Alentejo Cantado, foi fácil o encontro entre os dois géneros: “Um alentejano canta com alma e sentimento, que é o que acontece na música de Coimbra. São duas realidades que merecem estar juntas”.

“A forma de sentir, a expressão e aquilo que é cantado tem, de certa forma, semelhanças”, sublinhou.

No entanto, para além do diálogo entre os dois géneros, este momento permite também à Canção de Coimbra aprender com o Cante Alentejano, na forma como este é preservado, valorizado e promovido.