O antifascista e pai das deputadas do Bloco de Esquerda Mariana e Joana Mortágua, Camilo Mortágua, dado como desaparecido desde domingo de manhã, foi localizado em Castelo Branco e encontra-se bem, disse hoje fonte da Proteção Civil.
De acordo com fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Beja, o homem, de 87 anos, foi localizado “em Castelo Branco” e “está bem”. A informação foi recebida pelo CDOS às 00:53, tendo por base os Bombeiros de Alvito, que receberam a informação da GNR local.
No domingo à noite, fonte da GNR tinha dito à Lusa que as autoridades estavam a realizar buscas para encontrar Camilo Mortágua, desaparecido desde a manhã desse dia em Alvito, no distrito de Beja.
A mesma fonte indicou que o desaparecimento foi dado pela sua mulher, cerca das 14:30 de domingo, no posto da GNR, em Alvito.
Segundo a fonte da Guarda, o homem tinha falado em casa de uma possível deslocação na sua viatura ao Fundão, no distrito de Castelo Branco, onde “tem ligações”, não sendo conhecido, cerca das 22:45, o seu paradeiro, não tendo sido igualmente localizado o veículo.
As buscas, envolvendo a GNR e bombeiros da corporação de Alvito, estavam a decorrer no concelho de Alvito e em vários locais, nomeadamente nas zonas de Beja, Cuba, Ferreira do Alentejo e no Fundão, acrescentou a fonte da Guarda Nacional Republicana (GNR).
Uma patrulha do destacamento de trânsito da GNR esteve a efetuar o trajeto entre Alvito e o Fundão, no sentido de localizar o homem e a viatura.
Além da GNR, estavam envolvidos nas buscas cinco bombeiros, apoiados por duas viaturas da corporação de Alvito, de acordo com o CDOS.
Em 1961, Camilo Mortágua participou, juntamente com Amândio Silva, Fernando Vasconcelos, João Martins, Maria Helena Vidal e Hermínio da Palma Inácio, no assalto ao ‘cockpit’ de um avião da TAP que cumpria a rota entre Casablanca, em Marrocos, e Lisboa, logrando a distribuição de milhares de panfletos contra o regime fascista de Salazar, enquanto o aparelho sobrevoava a capital e outros pontos do país.
Também em 1961, integrou a “Operação Dulcineia”, que culminou no desvio do paquete português “Santa Maria”, com 600 passageiros e 350 tripulantes, no mar das Caraíbas.
Em 1967, Camilo Mortágua, na altura com 34 anos, participou no assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz, para financiar ações contra a ditadura.
Camilo Mortágua foi agraciado em 2005 pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, com a Ordem da Liberdade, que distingue serviços relevantes prestados em defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação do Homem e à causa da liberdade.
Madremedia/Lusa
Imagem: SIC notícias