O presidente da Câmara de Caminha alertou hoje para SMS “falsas” que convocam população para a vacinação anticovid-19, e telefonemas a instruir idosos a parar medicação para receberem a vacina, casos já denunciados à GNR.
Em declarações à agência Lusa, Miguel Alves disse que estes casos são “muito estranhos e de uma gravidade extrema”.
“Isto é uma loucura. Espero que a Guarda Nacional Republicana identifique os responsáveis destes atos criminosos”, disse o presidente da Câmara de Caminha, no distrito de Viana do Castelo.
“Queria muito deixar este alerta à população para que tenha o máximo cuidado. O processo de vacinação está a correr muito bem e por brincadeira de mau gosto ou com má intenção há alguém que parece querer descredibilizá-lo”, afirmou o autarca socialista.
Miguel Alves disse ter sido alertado pela Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), que apresentou “duas queixas-crime, uma relacionada com as chamadas telefónicas e, outra, a propósito das mensagens”.
O que nós queremos é travar isto imediatamente. Alertar a população. Não se deixem enganar”, avisou.
Contactado pela Lusa, o capitão Pedro Costa, do Comando Territorial da GNR de Viana do Castelo, confirmou ter sido apresentada “uma denúncia pelas autoridades de saúde, reportando as mensagens e os telefonemas falsos”.
“A denúncia foi remetida para o Ministério Público (MP). Estamos a aguardar que seja delegada em alguma força de segurança a sua investigação. Essa investigação poderá ser delegada na GNR, ou na Polícia Judiciária”, acrescentou.
O militar da GNR sublinhou que os telefonemas a instruir idosos a parar a medicação podem “pôr em causa a saúde e o bem-estar das pessoas, caso tomem a vacina”.
O presidente da Câmara de Caminha explicou que as mensagens de texto (SMS) falsas foram detetadas na última semana.
Miguel Alves referiu também o “caso mais grave” de pelo menos três pessoas que receberam uma chamada telefónica, “informando-as de que deviam deixar de tomar a medicação habitual” antes de serem vacinadas.
“Estamos a falar de pessoas com mais de 80 anos que foram convocados para tomar a vacina, há duas semanas. Entretanto, receberam a chamada telefónica para que deixassem de tomar os medicamentos que tomam habitualmente”, disse, referindo que pelo menos uma acatou a instrução falsa.
Para o autarca, “isto é muito grave e muito estranho que se passe apenas em Caminha”.
“Ou é um tolo sem senso que está a fazer estas chamadas e a enviar estas SMS ou é um tolo mal-intencionado. É uma loucura que está a pôr em risco a vida das pessoas”, afirmou.
Miguel Alves explicou que em Caminha, como no distrito de Viana do Castelo, a primeira notificação para a vacina contra a covid-19 é feita por “chamada telefónica pelas equipas administrativas ou equipas médicas”, e nunca por mensagem de texto (SMS).
“Se chegar uma SMS, é falsa”, avisou o autarca, referindo que o mesmo se passa com chamadas telefónicas a solicitar a suspensão de medicação.
“Se tiverem dúvidas, o que pedimos é que contactem o médico de família, o centro de saúde da área de residência, ou no limite a Câmara de Caminha ou até mesmo o centro de vacinação comunitária em Seixas”, reforçou.
Em Caminha, segundo dados do autarca, 1.113 pessoas já receberam as duas doses da vacina contra a covid-19 e 1.853 foram inoculadas com a primeira dose.
Lusa