08.11.2022 –
Domingo, dia 6 de Novembro, os fiéis que estiveram na Capela de Santana escutaram uma nova Missa de Requiem, a qual foi escolhida de acordo com as indicações do pároco local, obedecendo ainda à tradição secular deste género de composição para vozes e instrumental.
De acordo com a forma particular do Missal Romano, a Banda de Santana ensaiou esta missa cujos cânticos possuem características particulares das apelidadas “Missas para os fiéis defuntos” ou “Missa dos fiéis defuntos”, que a Igreja Católica estabeleceu, sendo dedicada ao repouso das almas, ou pela alma de uma ou mais pessoas falecidas, contendo a particularidade de ser concebida e composta também para um funeral, cujas letras possuem passagens bíblicas e orações para a entrada dos mortos no Céu. Este termo foi retirado da expressão Requiem aeternam dona eis, cujo significado é o seguinte: “Dai-lhes o repouso Eterno”.
Apesar de haver quem não valorize estes rituais, ou simplesmente como dá algum trabalho, é mais fácil descartar estes ritos litúrgicos, aliás, como o fazem ao executarem marchas de procissão nos funerais ou em cerimónias similares…são pequenos, mas grandes pormenores que devem ser valorizados e preservados, como mandam os “cânones” históricos e musicais.
Nesse passado domingo, arquivou-se a anterior missa que tinha sido feita há pelo menos 50 anos por Bernardino Costa, antigo maestro da santanense. Apesar da mensagem evangélica ser análoga, as melodias são mais recentes e foram adaptadas pelo atual maestro com orquestrações baseadas na composição instrumental em uso e ainda, para as diversas vozes ao estilo SATB em linguagem vernácula, tal como foi proposto pelo Concílio Vaticano II (1962-65). Pode concluir-se que foi um dia histórico, que será replicado nos próximos dias 12 e 19 em Ferreira-a-Nova e Liceia, respectivamente.
Além da missa já referida, houve ainda oportunidade de estrear a Marcha Fúnebre de Beethoven, cuja composição é algo desconhecida para muitos. No entanto, além desta, foram executadas outras de vários compositores, destacando-se as de Ricardo Dorado e Chopin.
Valorizando estas tradições comunitárias que as populações preservam, normalmente estas cerimónias são organizadas pelas Confraria/Irmandade das Almas, Comissão Fabriqueira e outras comissões locais, tendo para isso ano após ano, sido passado esse testemunho e nomeação para familiares ou amigos, incluindo quase sempre um homem mais jovem, de forma a que a tradição prevaleça.
Tal como outras, a Banda de Santana continua a ser uma fiel guardiã destes ritos e consequentemente, o seu arquivo musical, é testemunha viva dessa realidade, esperando que esta tradição continue bem presente em todo o território nacional e particularmente nesta zona da Beira Litoral.
Francisco M. Relva Pereira
(Maestro da Banda de Santana)