O agrupamento Polyphonos fará, este fim de semana, a primeira gravação mundial de música sacra de quatro compositores do século XVIII, só possível pelo “trabalho notável” de investigação musicológica, na última década, disse à Lusa o músico José Bruto da Costa.
Entre setembro e novembro, o ensemble português, dirigido por José Bruto da Costa, irá ter três momentos de gravações inéditas, no âmbito de um projeto intitulado “Música Amada”, dedicado à divulgação de obras do património musical português dos séculos XVI-XVIII.
O primeiro momento acontecerá no fim de semana, na igreja do Convento de São Domingos de Benfica, em Lisboa, com o Polyphonos a gravar responsórios vicentinos de António Teixeira (1707-1774), Carlos Seixas (1704-1742), João Rodrigues Esteves (1701-1752) e o Magnificat, de Francisco António de Almeida (1703-1754).
À agência Lusa, José Bruto da Costa explica que o “Música Amada” nasceu de um convite feito pelo Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM), da Universidade Nova de Lisboa, e pelo MPMP – Património Musical Vivo, em torno de música portuguesa só recentemente descoberta e transcrita, mas nunca gravada.
Além do Polyphonos, outros agrupamentos portugueses estão a ser convidados para fazer gravações.
No caso do Polyphonos, a gravação avança com o apoio financeiro de 50 mil euros do Garantir Cultura, e é descrito por José Bruto da Costa como um trabalho de serviço público, de registar e dar a conhecer partituras e composições antigas.
Nos últimos anos têm-se feito grandes avanços daquilo que se sabe e conhece a vida do compositor, contextualizá-lo num determinado momento e mentalidade. E isso tem acontecido na última década e meia, a Musicologia em Portugal deu um pulo gigante. [Há] um trabalho notável de investigação, são anos de investigação, de pesquisa”, elogiou José Bruto da Costa.
“Ainda que uma parte importante dos compositores portugueses se filie em correntes musicais transversais à Europa, tinham conhecimento do que era feito, mas não tinham um público e um gosto que se fosse atualizando à mesma velocidade”, conta Bruto da Costa.
Segundo o cantor, e diretor artístico do ensemble, o objetivo é disponibilizar estas gravações ‘online’, num trabalho que só deverá estar concluído na primavera de 2022. Está também a ser feito um documentário, com realização de Daniel M. Silva, a ser igualmente disponilizado ‘online’.
Em outubro, as gravações do Polyphonos serão feitas em parceria com a 33.ª Temporada de Música em São Roque, em Lisboa, e, em novembro, com o Festival Estoril Lisboa.
Lusa