A administração do Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV) denunciou ao Ministério Público a agressão a uma médica, quando esta se encontrava de serviço no Hospital de Águeda, anunciou hoje aquela unidade de saúde.
De acordo com o texto agora divulgado, “mal teve conhecimento do ocorrido, o conselho de administração, na pessoa do seu diretor clínico, Frederico Cerveira, apoiou, de imediato, a vítima e sua colaboradora, prestando-lhe solidariedade, oferecendo-lhe apoio psicológico e total disponibilidade para coadjuvar, em sede judicial, a queixa que formalizou junto das entidades policiais”.
A posição do Conselho de Administração do CHBV surge um dia depois de a Ordem dos Médicos (OM) ter criticado as declarações do diretor clínico daquele centro hospitalar que, sobre o caso, e citado pela OM, terá dito: “(…) a queixa é sempre da pessoa agredida, não é nossa. Nós somos coadjuvantes na queixa, até porque a senhora não é uma funcionária pública, é uma contratada (…)”.
“Que desprezo por quem está a servir a causa pública. Ao diretor clínico só lhe faltou dizer que a médica não era portuguesa! Provavelmente ignora que quando alguém agride fisicamente um profissional de saúde num hospital público comete um crime público”, afirmava em comunicado a Ordem dos Médicos.
No seu entender, o diretor clínico do CHBV “cometeu uma imprudência que irá merecer da parte da Ordem dos Médicos a avaliação adequada”.
O conselho de administração do CHBV salienta hoje, em comunicado, que as preocupações do Centro Hospitalar relativas à segurança dos seus profissionais “não são de agora”, dando conta de que, no serviço de urgência de Aveiro, está já a funcionar o sistema de botões de pânico e portas de fuga.
O comunicado esclarece que um sistema idêntico “só não foi ainda implementado no serviço de urgência básica de Águeda” porque o edifício vai entrar em obras.
Quinta-feira será consignada a obra “de remodelação total” daquele espaço, período durante o qual, o serviço da urgência básica passará a funcionar em contentores.
“Ainda no primeiro semestre de 2020, um novo sistema de segurança individual será adotado pelo Centro Hospitalar do Baixo Vouga, para o qual este tema é central”, adianta ainda o comunicado do conselho de administração.
Desde o início do ano, já foram noticiadas alegadas agressões a uma enfermeira nas urgências do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a dois médicos (no Centro Hospital de Setúbal e no Centro de Saúde de Moscavide, em Loures), e a uma enfermeira no Hospital de Águeda
Nos primeiros nove meses de 2019, foram reportado 995 casos na plataforma da Direção-Geral da Saúde, mais do que em todo o ano de 2018 (953 casos), sendo as injúrias o principal tipo de notificação (80%).
Lusa