OPINIÃO QUE CONTA: “Os imprescindíveis” (António Veríssimo)

Cada vez mais vamos vendo que, em muitas das autarquias deste país, e noutros serviços públicos, se vai criando uma nova classe, erradamente chamada de imprescindíveis.

Fazem parte deste grupo aqueles e aquelas que são beneficiados pelos chefes porque “são imprescindíveis nos seus serviços”. Nem tudo o que parece, é. Até porque esta denominação de imprescindíveis tem muito mais a ver com confiança política e escolha meramente partidária, do que pelo valor do trabalho que esses funcionários fazem. Geralmente, estes ditos funcionários são tudo menos o que deveriam ser. Profissionalmente, falando.

O apego a um lugar mais de emprego do que de trabalho leva a que a colagem feita aos chefes tenha a ver com a garantia de um lugar ao sol. E não, como muitos pensarão, com a cor política de quem manda.

Mas, nem todos se enquadram neste grupo. Sabemos, conhecemos, bons profissionais que, aqui e ali, neste serviço público ou naquela autarquia, fazem o que devem para fazer o que é bem feito. Fazem jus ao seu dever de estarem num local de trabalho e não de emprego.

A propósito, a definição certa de imprescindíveis foi escrita por Bertolt Brecht e diz-nos que “há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons; há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons; há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda; ´porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis.”

O resto é paisagem.