OPINIÃO QUE CONTA – Joana Veríssimo: “Ano novo… vida nova?”

No final de cada ano civil, todos colocamos os nossos esforços na realização da grande noite de passagem de ano, pela qual tanto aguardamos. Chegado o fim de mais um ano, procuramos utilizar essa noite a nosso favor, tendo sempre como pano de fundo um cenário de diversão, convívio e alegria, repleto daqueles que mais amamos.

Até que chega a meia-noite, a tão esperada hora em que deixamos para trás um ano e damos as boas vindas a outro. O significado da passagem de ano torna-se, nestes momentos, demasiado evidente: há em todos nós uma ligeira esperança de deixar no ano que termina aquilo que nos faz mal, aquilo que não nos aquece nem nos arrefece, aquilo que nos magoa e aquilo que nos prende e, em simultâneo, entrar com o pé direito no novo ano, cheio de novas oportunidades. Todos temos em nós essa pequena luz que se acende de esperança quando percebemos que temos nas mãos 365 novas oportunidades para nos levantarmos da cama e fazermos algo útil por nós e pelos outros.

Mas depressa chega dia dois e, no segundo dia do ano, depois das grandes ressacas e do cansaço inerente à diversão, cai sobre nós a noção um tanto ingrata de que apenas passámos de um dia para o outro e que temos de parar de utilizar a mudança de ano como uma marca para darmos novos passos. Na verdade, podemos recomeçar todos os dias, certo?

Para mim, haverá sempre uma magia especial na passagem de um ano para o outro, não só pela positividade com que o meu peito se enche nessa noite especial, mas também pela nostalgia que vem com um novo ano: todos sabemos que com um novo ano civil vem, também, mais um ano que será acrescentado à nossa idade, mais experiências (boas e más), mais aprendizagens, mais dor, mais alegria, mais risos, mais lágrimas, mais trabalho. Com um novo ano vem sempre mais um peso nos ombros, mesmo que venha, também, o alívio de sabermos que estamos cá para viver tudo o que houver para viver.

Talvez apenas tenhamos de aprender a recomeçar a uma terça-feira, ou a uma quarta-feira ou, quem sabe, a uma sexta-feira qualquer, ao invés de esperarmos constantemente por um novo ano para fazermos aquilo que, de tanto adiarmos, acabamos por deixar cair em esquecimento.

 

Joana Veríssimo