FF: “Fiquei muito surpreendido por termos um público tão fiel”

Cátia Sofia Barbosa e Joana Veríssimo, alunas de Jornalismo da UC entrevistaram, em exclusivo para o Jornal Mira Online, o cantor FF, que esteve em Mira a atuar na noite desta quinta-feira. Ficam aqui as palavras deste cantor, para que todos conheçam um pouco mais do ser humano que está para além do artista…

 

P: O que é que o FF de agora tem de diferente do FF do tempo dos Morangos com Açúcar?

R: Dez anos separam um do outro. Ao longo destes dez anos também fui ganhando a confiança e talvez a maturidade que não tinha quando comecei para poder fazer este disco/trabalho que, aliás, ando a promover atualmente e com muito gosto porque estou a tentar pela primeira vez o género de músicas que têm muito a ver com a minha personalidade e com a minha voz e acho que isso é visível nos concertos. Deixa-me muito feliz ver que as pessoas entendem isso e percebem que desta vez não sou eu a emprestar a voz a outro projeto musical ou a imitar alguém, desta vez sou eu a mostrar aquilo que sou musicalmente e é um caminho que nem sempre é fácil mas é essencial quando pensamos em construir um percurso e uma carreira, não olhando só para aquilo que vamos fazer no ano a seguir, mas olhando para o futuro pensando que daqui a vinte ou trinta anos eu vou querer ouvir este trabalho e vou querer continuar a gostar dele. Precisamente por essa necessidade é que eu também me desvirtuei um bocadinho do universo televisão que era um universo mais juvenil e pop e me ensinou muita coisa mas que a certa altura é quase como tu teres necessidade de quereres sair de casa e foi isso, no fundo, que aconteceu.

P: Com um estilo de música anterior tão diferente porque é que decidiste optar pelo caminho do fado?

R: Porque, na verdade, o estilo de música ainda mais anterior a esse é o fado. O fado não surge depois da minha aparição na televisão, pelo contrário, o fado já vinha de antes, já vinha desde eu ser pequenino. Aliás, a primeira vez que participei em alguma coisa ou que fiz alguma coisa ligada com música foi no Bravo Bravíssimo, com 11 anos, a cantar um fado de Amália Rodrigues – Gaivota – que, aliás, hoje fiz questão de cantar aqui também. Portanto, o fado foi a minha primeira paixão e também a minha primeira forma de explorar a minha voz e o canto. Mais tarde ou mais cedo eu percebi que teria de lá regressar apesar de isto não ser um projeto de fado tradicional, tem o fado mais na minha voz do que propriamente nos instrumentos que o compõem porque não temos guitarra portuguesa nem violas, mas cantamos e fazemos alguns fados porque faz sentido.

P: Querer é o truque para ter? Tem sido assim ao longo da tua carreira?

R: Tem, tem e com muito trabalho. Eu acho que essa mensagem continua a fazer sentido e vai fazer sempre, porque quando queremos uma coisa não podemos ficar simplesmente à espera que ela nos caia do céu, temos de batalhar por ela, temos de lutar por ela e é isso que eu faço todos os dias e todos os anos tentando melhorar o meu trabalho, melhorar-me enquanto intérprete, enquanto compositor, enquanto músico e mostrando às pessoas que estou a fazer o meu trabalho, que estou a tentar mostrar-lhes sempre algo que elas não conheçam e que espero que elas gostem.

P: Como é que te sentiste a atuar para o público de Mira? O que é que achaste do público?

R: Muito bem. Fiquei muito surpreendido por termos um público tão fiel que ficou do início ao fim e pediu para voltarmos, o que eu acho que é sempre um ótimo reflexo do concerto. Quando um concerto acaba e o público quer que nós voltemos, eu acho que não pode haver melhor reflexo de ter corrido bem ou não senão esse. Se nós sairmos de palco e não voltarmos, o público se calhar gostou mas não sentiu vontade de ouvir mais músicas e desta vez aconteceu, o que me deixa muito feliz até porque este segundo final é um final que fica sempre em aberto, umas vezes fazemos, outras vezes não fazemos, porque nem sempre os públicos o permitem. Fico feliz por hoje, depois de um concerto de uma hora e meia, ainda ter de voltar, ainda mais numa quinta-feira, um dia de semana, em que apesar de haver muita gente de férias a verdade é que é um dia a meio da semana e deixa-me muito feliz saber que este público é tão carinhoso e que cantou e esteve presente.

 

Por Cátia Sofia Barbosa e Joana Veríssimo, alunas de Jornalismo da UC