Voto de Louvor ao legado musical e literário de António de Lima Fragoso

No ano de 2018 assinala-se o centenário da morte de António de Lima Fragoso um caso admirável de raro talento musical e maturidade precoce ceifado na flor da juventude pela vaga de gripe pneumónica que nesse ano assolou todo o país bem como a Europa, em geral.

António Fragoso nasceu na Pocariça, Concelho de Cantanhede a 17 de junho de 1897 e faleceu na sua terra natal a 13 de outubro de 1918.

Para além de exímio pianista, foi um compositor precoce, considerado pelos críticos da época como um dos mais poderosos talentos da sua geração. Seguramente um dos maiores compositores portugueses de sempre se a morte não o tivesse levado aos 21 anos de idade.

Era o mais velho de cinco irmãos, cedo se revelou a sua extraordinária vocação, aos 8 anos começou a ter as primeiras lições de piano, que foram dadas pelo seu tio, Dr. António dos Santos Tovin, médico em Cantanhede.

Depois da instrução primária foi viver para o Porto a fim de frequentar o liceu, onde prosseguiu os estudos musicais, especialmente de piano, com o professor Ernesto Maia.

Frequentou ainda o Curso Superior do Comércio, para satisfazer os desejos da família, que acabou por abandonar dois anos depois.

Aos 16 anos publicou e deu a primeira audição da sua primeira composição “Toadas da minha aldeia“, a que a crítica musical deu os maiores aplausos. Aos 17 anos, entrou no Conservatório Nacional de Música, em Lisboa, estudou harmonia, e piano com Marcos GarimTomás Borba e Luís de Freitas Branco. Em 3 de Julho de 1918, concluiu o curso de piano com a classificação máxima.

Deixou mais de cem composições musicais, de reconhecido valor, já nesse tempo apreciadas nos centros musicais da Europa.

António de Lima Fragoso desconhecia regras, renegava disciplinas de escola, surgiu como um fruto revolucionário de uma arrebatada predestinação, como um caso de intuição sem igual na história da música portuguesa.

Ainda em vida, mas sobretudo depois, foi alvo de numerosas homenagens em Portugal e no estrangeiro. Um célebre crítico de arte musical veio a Portugal, a fim de conhecer melhor a sua vida e obra, afirmando que este era mais conhecido na América que em Portugal.

Manuela Paraíso descreve o seu estilo musical como tendo notáveis influências de Chopin, mas também afirma que a sua música, bela melancolia tem uma identidade própria.

Voto de Saudação à Associação António Fragoso no momento em que esta assinala, de outubro 2017 a outubro de 2018, o centenário da morte do compositor, através de mais de uma centena de iniciativas culturais a realizar em cerca de quarenta localidades do território nacional e catorze concertos no estrangeiro.

Hoje, a Associação António Fragoso existe para comemorar o seu trabalho, promover gravações e performances de suas músicas, perpetuar a sua existência e valorizar o património intangível da Pocariça, de Cantanhede, de Coimbra e de Portugal.

 

Cantanhede, 18 de Dezembro de 2017

 

Os Deputados da Assembleia Municipal, eleitos pelo Partido Socialista (PS)