Sargento-ajudante do Exército, ao serviço da UE, foi vítima de um ataque terrorista ocorrido em junho de 2017 nos arredores de Bamako.
A Associação Nacional de Sargentos (ANS) revelou esta quarta-feira que a viúva do sargento-ajudante Paiva Benido, vítima de um ataque terrorista no Mali, continua nove meses depois sem receber a pensão de sangue devida.
A informação consta de um comunicado da ANS e foi repetida no Parlamento pelo sargento-mor Lima Coelho, ex-presidente da ANS e atual diretor do jornal O Sargento, levando o presidente da Comissão parlamentar de Defesa a declarar-se envergonhado com essa situação.
“Sinto vergonha dessa circunstância e hoje mesmo procurarei obter” explicações para esse facto, afirmou Marco António Costa, no encerramento da conferência “Recrutamento Militar: dificuldades e desafios”.
O sargento-ajudante Paiva Benido faleceu a 18 de junho de 2017, um domingo, devido a um ataque terrorista ocorrido a meio da tarde no Hotel Le Campement Kangaba, nas imediações de Bamako.
O militar, casado e com duas filhas menores, integrava o contingente nacional na Missão de Treino da União Europeia (EUTM) no Mali.
A pensão de sangue é devida desde o início de julho de 2017 e corresponde a 70% do valor da remuneração auferida pelo sargento-ajudante falecido, de acordo com o respetivo diploma.
A informação sobre o caso foi feita num comunicado da ANS, divulgado hoje e a propósito de o Presidente da República ter dito segunda-feira, na República Centro Africana, que os militares portugueses eram “os melhores do mundo”.
“Os militares ‘melhores do Mundo’ sao confrontados com o facto de que apos nove meses de um camarada ter tombado no exercicio da missao, no Mali, a sua viuva ainda nao comecou a receber a pensao de preco de sangue […], tendo apenas sido executados os seguros de vida associados a missao”, indica o texto da ANS.
Esperarem meses para receber “uma comparticipação de poucas dezenas de euros” quando pagam “uma centena de euros durante 14 meses por ano para terem direito a assistência na doença” ou haver quem esteja 20 anos no mesmo posto foram outros exemplos por que passam os militares portugueses, segundo a ANS.