Primeiro, as notícias esperadas: o FC Porto está na quarta eliminatória da Taça de Portugal. Notícias mais ou menos esperadas: o jogo desta sexta-feira deu goleada, com um 6-0 frente ao SC Vila Real, no Complexo Desportivo Monte da Forca. E só não foram 10 ou 12 porque Murta defendeu algumas. Notícias surpreendentes: Adrián fez um póquer. Notícias muito surpreendentes: para nós, este rapaz, apesar dos golos, nem foi o principal destaque da equipa portista. Estranho? Talvez. Já explicaremos.
Primeira nota: o FC Porto respeitou muito o Vila Real. Respeitou o público. Respeitou a Taça. Os dragões, surpreendentemente ou não, não andaram a “pastelar” e, mesmo com o avolumar do resultado, continuaram intensos, dinâmicos e com vontade de jogar. Vê-se pelo resultado, aliás.
Segunda nota: o Vila Real respeitou muito o FC Porto. Respeitou o público. Respeitou a Taça. Surpreendentemente ou não, não andaram a perder tempo e a fazer antijogo. Fizeram o que puderam, que não foi muito, mas divertiram-se, havendo, até, espaço para sorrisos dos jogadores, durante o jogo.
Senhor Óliver, se fazem favor
Habitualmente, tentamos que a crónica de jogo seja uma análise ao motivo pelo qual uma determinada equipa venceu o jogo e, eventualmente, aos fatores táticos e técnicos que para isso contribuíram. Hoje, é difícil fazer isso. O FC Porto venceu porque é muito melhor do que o Vila Real. Normal, num jogo de campeão nacional frente a um clube dos distritais.
O FC Porto conseguiu rodar rapidamente o lado da bola, conseguiu verticalizar bastante o jogo e até trouxe um jogo raro na equipa portista, com mais triangulações em posse do que bolas longas. Por ter desbloqueado o jogo tão cedo, as coisas aconteceram. É esta a nossa crónica. Vá, podemos também contar, rapidamente, a história: Adrián começou por bisar, aos 7 e 15 minutos, em dois lances de bolas perdidas e mal afastadas pela defesa do Vila Real. Depois da (justa) expulsão de Babo, pouco antes do intervalo, as coisas, naturalmente, complicaram-se mais ainda. Veio o terceiro, por Adrián, de livre direto, o quarto, por Soares, após uma tremenda jogada de Óliver (passou por cinco jogadores), o quinto, por André Pereira, após uma boa finta de João Pedro, e o sexto, por Adrián, num golo à ponta de lança.
E está tudo contado. Por isso, hoje, vamos abrir a exceção: focar-nos mais no individual do que no coletivo. E houve caras a merecer atenção. Numa equipa que foi dinâmica, esforçada e respeitosa para com o jogo, Óliver mostrou que tem sido alvo de um crime, nesta equipa, pela parca utilização. É um jogador tremendo e mostrou-o nesta sexta-feira, estando muito intenso e predisposto a dar, pedir, ir buscar, circular, verticalizar e até recuperar bolas. Para além da energia, mostrou muita qualidade no passe e na criação e foi ele quem permitiu ter sempre o FC Porto ligado à corrente.
Ainda assim, evidentemente, o destaque da maioria das análises deverá ir para Adrián. Afinal, o rapaz fez um póquer. Bom jogo do espanhol, sobretudo na qualidade das ações individuais e na forma como se associou em triangulações por zonas interiores. É algo que o FC Porto faz pouco e, também por isso, Adrián acaba por jogar menos do que a qualidade técnica permitiria.
Nota final para o jogo assim-assim de Bazoer – esteve muito ativo, mas pareceu um pouco perdido em campo, atuando como híbrido entre o corredor e o centro, na meia direita –, para a oportunidade desperdiçada por Jorge – algumas más decisões – e para o jogo satisfatório de João Pedro – um par de lances de qualidade.
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