Termina a 27 de novembro o prazo de entrega de obras concorrentes ao Prémio Literário Carlos de Oliveira, iniciativa promovida pelo Município de Cantanhede para estimular a criação literária no âmbito de uma homenagem a um dos grandes autores portugueses da segunda metade do século XX.
A sexta edição do concurso ocorre quando se assinala o centenário do nascimento do escritor, que nasceu em agosto de 1921, em Belém do Pará, Brasil. O prémio é constituído por uma verba pecuniária de 5.000 euros, integralmente suportada pela autarquia cantanhedense, que assegurará também a edição da obra vencedora.
O certame literário é aberto à participação de autores de qualquer dos países de língua oficial portuguesa, que podem concorrer com apenas uma obra, inédita e não editada, em prosa narrativa (conto ou romance). Os originais, num mínimo de 120 páginas em formato A4, com o texto processado em letra Times New Roman em corpo 12 e entrelinha a 1,5 espaço, deverão ser remetidos, até 27 de novembro, para o Museu da Pedra do Município de Cantanhede, Largo Cândido dos Reis, n.º 4, 3060-174 Cantanhede, contando para o efeito a data do carimbo dos CTT.
Nos termos do regulamento, cada concorrente terá de entregar a obra assinada sob pseudónimo em cinco exemplares devidamente encadernados dentro de um sobrescrito que deverá conter ainda um outro envelope fechado e lacrado, dentro do qual deve estar a identificação e a morada do autor e no exterior apenas e só o pseudónimo correspondente.
O Regulamento Municipal do Prémio Literário Carlos de Oliveira está disponível para consulta no portal do Município de Cantanhede:
O júri do Prémio Literário Carlos de Oliveira será constituído por cinco elementos, designadamente o Presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, ou uma pessoa por si indicada, Paula de Oliveira, sobrinha do escritor, ou alguém que a represente, um representante da Associação Portuguesa de Escritores, um Académico dedicado ao estudo de Carlos de Oliveira e, a convite do Município de Cantanhede, uma personalidade do meio literário.
Ainda de acordo com as normas regulamentares, o prémio não poderá ser atribuído ex aequo, embora, em casos excecionais, possam ser concedidas até duas menções honrosas, estas sem valor pecuniário.
O resultado do concurso será divulgado durante a primeira quinzena de julho de 2021, proceder-se-á à entrega do Prémio em cerimónia pública no decurso das comemorações do Feriado Municipal a 25 de julho.
Carlos de Oliveira
Carlos de Oliveira nasceu em Belém do Pará, no Brasil, a 10 de agosto de 1921. Regressado a Portugal, juntamente com os pais, aos dois anos de idade, Carlos de Oliveira passou grande parte da sua infância no Concelho de Cantanhede, inicialmente na Camarneira e depois em Febres, onde seu pai exercia medicina. A partir de 1933, passou a viver em Coimbra, onde permaneceu durante quinze anos, a fim de concluir os estudos liceais e universitários. Em 1941, ingressou na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde teve participação muito ativa nos movimentos intelectuais e políticos com outros jovens, entre os quais Joaquim Namorado, João Cochofel e Fernando Namora.
Depois de ter concluído a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas, instalou-se definitivamente em Lisboa, sem contudo deixar de visitar regularmente Coimbra e a Região da Gândara.
Os terrenos pantanosos e arenosos da Região da Gândara onde viveu a sua infância são o cenário preferencial da sua obra narrativa e referência constante também na sua poesia.
É autor de diversas obras em diferentes géneros literários. Uma Abelha na Chuva (1953), Casa na Duna (1943), Finisterra. Paisagem e Povoamento (1978), Pequenos Burgueses (1948) e Alcateia (1944) são os seus romances mais conhecidos, enquanto na poesia são referência Mãe Pobre (1945), Descida aos Infernos (1949), Terra de Harmonia (1950), Cantata (1960), Sobre o Lado Esquerdo (1968), Micropaisagem (1968) e Entre Duas Memórias (1971). Publicou ainda contos e crónicas, com destaque para A Pequena Esperança (1946) e O Aprendiz de Feiticeiro (1971). Faleceu em Lisboa a 1 de julho de 1981, em Lisboa.
O escritor foi agraciado, a título póstumo, com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, a 10 de junho em 1990, e com a Medalha de Ouro de Mérito Cultural do Município de Cantanhede, entregue a 25 de julho de 1997.
Histórico do Prémio Carlos de Oliveira
1.ª edição – Prémio entregue em 2005
A primeira edição do certame foi o resultado de uma frutuosa parceria entre o Município de Cantanhede e o então Centro de Estudos Carlos de Oliveira, que teve por interlocutores e fervorosos impulsionadores Idalécio Cação, escritor recentemente falecido, e António Castelo Branco. As obras submetidas a concurso, de acordo com as normas regulamentares fixadas, tinham que orientar a temática dos seus trabalhos para a região da Gândara.
Júri: João Moura, Vereador da Câmara Municipal de Cantanhede; Idalécio Cação, em representação do C.E.C.O. – Centro de Estudos Carlos de Oliveira; Ana Paula Arnaut, docente na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Luís Serrano, docente na Universidade de Aveiro.
Obra vencedora: Quase Tudo Nada, de Arsénio Mota, residente no Porto, que apresentou a concurso sob o pseudónimo “Rebusca”.
Duas menções honrosas: Parede de Adobo de João Carlos Costa da Cruz, residente em Febres, e Visões do Azul, de Emília Ferreira, residente na Caparica.
2.ª edição – Prémio entregue em 2009
Com a extinção do C.E.C.O. – Centro de Estudos Carlos de Oliveira, e em estreita articulação com Ângela de Oliveira e seus familiares, o Município assumiu a organização e dinamização de todo o certame a partir desta segunda edição.
Júri: Pedro António Vaz Cardoso, Vereador do Pelouro da Cultura, em representação do Presidente da Câmara Municipal de Cantanhede; António Apolinário Lourenço, em representação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; Osvaldo Silvestre, designado por Ângela de Oliveira; Arsénio Mota, personalidade do meio literário convidado, e Cristóvão de Aguiar, representante da Associação Portuguesa de Escritores.
Obra vencedora: O Novíssimo Testamento, de Mário Lúcio Sousa (que concorreu com o pseudónimo Lúcio Martins) – Ministro da Cultura de Cabo Verde de 2011 a 2016.
Duas menções honrosas: Rendição e Trevas, de Nuno de Figueiredo (que utilizou o pseudónimo Urbano Soares) e Ao Compasso da Noite, de Ricardo Augusto Sanguinho de Jesus (que concorreu com o pseudónimo Chico Marraquexe
3.ª edição – Prémio entregue em 2013
Júri: Pedro António Vaz Cardoso, em representação do Executivo do Município de Cantanhede; Osvaldo Manuel Alves Pereira Silvestre, designado por Ângela de Oliveira; António Pedro Couto da Rocha Pita, em representação da Associação Portuguesa de Escritores; António Apolinário Lourenço, académico convidado, e Arsénio Mota, personalidade convidada pelo Município.
A obra vencedora: Crime e Revolução, do historiador e escritor brasileiro Carlos Roberto da Rosa Rangel.
Duas menções honrosas: Por Quem Choram as Pedras, de João Paulo Medina da Silva (Portugal), sob o pseudónimo Clarinda do Encanto, e A Montanha, de Carlos Alberto Bernardo Machado (Portugal), que concorreu com o pseudónimo Maria Beatriz.
4.ª edição – Prémio entregue em 2016
Júri: Pedro António Vaz Cardoso, em representação do Executivo do Município de Cantanhede; Osvaldo Manuel Alves Pereira Silvestre, designado por Ângela de Oliveira; José Manuel Mendes, Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Escritores; António Apolinário Lourenço, académico convidado, e Arsénio Mota, personalidade convidada pelo Município.
A obra vencedora: A estrambótica aventura do senhor Martius Von Gloeden, da autoria de Carlos Roberto Loiola. Natural da cidade de Pouso Alegre, no estado brasileiro de Minas Gerais, Carlos Roberto Loiola é Juiz de Direito em Belo Horizonte e A estrambótica aventura do senhor Martius Von Gloeden assinala a sua estreia como romancista.
Uma menção honrosa: “O Sebo”, da autoria de Geraldo Osorio Leite de Andrade, natural de Pernambuco, Brasil
5.ª edição – Prémio entregue em 2019
Júri: Pedro António Vaz Cardoso, em representação do Executivo do Município de Cantanhede; Osvaldo Manuel Alves Pereira Silvestre, designado por Ângela de Oliveira; José António Gomes, em representação da Associação Portuguesa de Escritores; António Apolinário Lourenço, académico convidado, e Arsénio Mota, personalidade convidada pelo Município.
A obra vencedora: A Epopeia do Espírito Santo, da autoria de António Breda Carvalho, natural da Mealhada, professor do ensino básico no Agrupamento de Escolas da Mealhada, com vasta obra literária editada, além de estudos regionais.