Todos os anos são feitos milhares de contratos de fornecimento de energia e de telecomunicações sem o conhecimento do consumidor, depois de um vendedor tocar à campainha. Em 2016, a Deco recebeu oito mil contactos por causa destas vendas desleais.
“Vendas à minha porta, não!” é a nova campanha que a associação para a defesa do consumidor Deco lança esta terça-feira. O objectivo é alertar os consumidores para vendas ao domicílio, desleais e pouco transparentes.
Este tipo de vendas, já classificado de agressivo, é muitas vezes dirigido a consumidores mais vulneráveis, mas qualquer um pode cair no conto do vigário e as empresas que recorrem a este método tentam tudo.
A Deco fala em milhares de vendas de contratos de fornecimento de energia e de telecomunicações feitos sem o conhecimento do consumidor, justamente depois de um vendedor tocar à campainha.
Normalmente, o que acontece é o seguinte: a campainha toca, perguntamos quem é e respondem-nos que é da empresa de electricidade. Dizem que vêm saber qual a potência contratada, qual o consumo e depois acabam por pedir uma factura para actualização.
Também pedem o cartão de cidadão para actualizar dados e num instante colocam um papel para o consumidor assinar, que não é mais do que um novo contrato com outra empresa de energia.
Sem se aperceber, o consumidor acaba por mudar de empresa. E não pediu nada. Foi surpreendido à sua porta e o vendedor não clarificou ao que vinha.
Acontece mesmo alguns vendedores fazerem-se passar por colaboradores da EDP. Vestem um colete dessa empresa, identificam-se e depois acabam por fazer um contrato a favor da Endesa ou da Gold Energy.
É isto que indicam alguma das queixas que chegam à Deco – e são milhares todos os anos. No ano passado, entre queixas e pedidos de informação, foram cerca de oito mil.
A associação alerta, por isso, os consumidores a não assinarem nada sem ler bem primeiro. E, se achar melhor, nem sequer abra a porta. Até porque, mesmo que o consumidor diga que não está interessado, pode dar-se o caso de o vendedor pedir uma assinatura para comprovar a sua da presença – e com essa assinatura está a dar andamento a um novo contrato com outra empresa.
A campanha que hoje começa visa ainda informar os consumidores do que devem exigir aos vendedores quando estes lhes batem à porta, obrigando-os a prestar-lhe os esclarecimentos que entender ou simplesmente a retirar-se da sua porta.
No caso de ter sido confrontado com uma situação destas, o consumidor tem 14 dias seguidos para reverter o negócio, através de carta registada com aviso de recepção.
Fonte: Renascença