30.04.2025 –
O Instituto de Sistemas e Robótica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra tem uma microrrede elétrica resiliente, para grandes edifícios ou comunidades de energia, que pode garantir o fornecimento elétrico a cargas críticas durante situações extremas ou catastróficas, em que ocorra falha da rede elétrica pública.
No passado dia 28 de abril, aquando do maior apagão que afetou toda a Península Ibérica e parte da Europa, esta tecnologia, desenvolvida no Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC) da FCTUC, teve a sua prova de fogo com condições reais, conseguindo, com sucesso, fornecer eletricidade às cargas críticas do edifício e funcionar de forma autónoma da rede publica.
“As microrredes são uma tecnologia que permite ter um sistema elétrico independente da rede elétrica inserido numa área geográfica específica e definida, como, por exemplo, um edifício, bairro ou localidade pequena. São usadas para fornecer eletricidade em zonas remotas onde a infraestrutura é fraca ou inexistente, para otimizar eficiência energética, custos e integração de energia renovável e, em casos extremos, garantir o fornecimento de energia elétrica aos clientes por si abrangidos quando tudo o resto falha”, revela Alexandre Matias Correia, estudante do mestrado em Engenharia Eletrotécnica ISR/FCTUC.
Esta microrrede tem como foco a resiliência e está concebida precisamente para fornecer eletricidade a cargas críticas (substituindo os geradores de emergência diesel) durante períodos prolongados de tempo (até 72h). Para tal, tem instalado um sistema fotovoltaico dedicado, dois sistemas de baterias, equipamento de potência especializado para gestão e sincronização de rede e carregamento bidirecional para veículos elétricos.
De acordo com o estudante da FCTUC, “este último sistema permite alimentar a rede elétrica local através da energia armazenada em veículos elétricos o que possibilita aumentar ainda mais a duração do fornecimento de energia elétrica, assim como disponibilizar potência em locais onde a infraestrutura é inexistente ou foi danificada”. Para além disso, conclui Alexandre Matias, “a microrrede possui também uma capacidade regenerativa, usando os painéis fotovoltaicos e um sistema de gestão de cargas para recarregar baterias durante o dia, prolongando ainda mais o fornecimento às cargas críticas”.
A microrrede resiliente é um projeto desenvolvido no âmbito da tese de Doutoramento de Alexandre Matias Correia, intitulada “Optimization and management of microgrids to deliver high power quality in critical and disaster situations”, tendo sido já utilizada como protótipo piloto para outros trabalhos de investigação e ensino de Engenharia Eletrotécnica.