O “MAR” – Movimento Autárquico de Renovação, conseguiu nas últimas Autárquicas, em Mira, atingir um objetivo que, para muitos era impensável: intrometer-se na “eterna disputa” PS/PSD, do Concelho.
Este movimento, cuja face” mais visível é a do psicólogo José Carlos Garrucho, surgiu há sensivelmente seis anos, e é integrado por um grupo de cidadãos de todos os quadrantes políticos da região. Nele estão sensibilidades ligadas ao PSD, ao PS, ao CDS ou a quaisquer outras forças políticas do país.
Segundo José Carlos Garrucho, que esteve em conversa com o Jornal Mira Online, Mira “encontrava-se numa encruzilhada: havia a Mira do PS, a do PSD e a… dos outros!”.
Para ele há alguns exemplos emblemáticos de “como o Município era mal dirigido”: a escola de música e a incubadora, são apenas dois dos “rostos” mais visíveis da dualidade existente até às últimas eleições Concelhias, que custaram “milhões de euros ao erário público de Mira.
Assim, para estes cidadãos, importante era saber “o que os dois partidos queriam para Mira?”. Por isso, em 2013, depois de se terem apresentado pela primeira vez em 2009, reorganizaram a candidatura, e resolveram mostrar que “não estão na política por lugares ou interesses próprios, já que todos têm suas vidas organizadas”, e colocaram “os dois partidos que sempre giraram à volta do poder a conversar”, já que ele, o movimento que lidera conseguiu colocar-se na posição de fiel da balança, pois dos 7 vereadores, ele, José Carlos Garrucho, é o único que está ligado a qualquer um dos partidos.
Desta forma, o “MAR” assumiu um compromisso público ao firmar a sua assinatura num acordo histórico para o Concelho, com o partido vencedor, o PSD. Garrucho vai ainda mais longe, ao afirmar, alto e bom som, que “o MAR entendeu que o PSD, por ter sido legitimamente vencedor nas eleições, tinha o direito… e a obrigação de governar“. A ideia, sempre foi, e será, a de sair do marasmo para onde o Concelho de Mira foi empurrado pelas sucessivas administrações locais.
José Carlos Garrucho afirma que o “MAR apoia, e apoiará, o PSD, desde que, tudo o que lhe for apresentado, esteja muito bem documentado… o que, na sua perspectiva, “não tem acontecido sempre”.
O líder do movimento coloca o dedo na ferida e, sem papas na língua, diz claramente que o “PSD esqueceu-se de que precisava de apoios em situações decisivas como, a forma como a Câmara está organizada, ou, no caso gritante do Orçamento Participativo, onde o sistema foi claramente inseguro, ainda mais sendo este, um momento muito importante para a gestão autárquica”.
Garrucho afirma ter “faltado transparência neste processo” e pediu, em sessão de Câmara que fosse explicado o método utilizado, já que muitas candidaturas vieram queixar-se da enorme diferença de votos entre as candidaturas apresentadas em votação. Mais: pediu que fosse anulada a votação em causa… “mas, não foi isso o que aconteceu”.
Como bandeira emblemática do seu movimento, o Orçamento Participativo, tornou-se uma “frustração”. José Carlos Garrucho afirma categoricamente que “a ideia do PSD era a de branquear a situação”, mas não se conforma, pois, na sua opinião, não se pode esquecer que “tudo tem de ser feito de forma limpa e transparente”.
“O MAR – diz ele – senta-se na mesa com todos, não está contra ninguém – bem pelo contrário – só quer é que os bons projetos para Mira sejam colocados em prática”. Na sua ótica, é necessário “mudar a forma de fazer política. Se é ingénuo pensar assim? Talvez seja ingénuo, puro, lírico, ou, até mesmo fantasia, mas isto é algo que precisa ser feito na política deste país, e os exemplos devem partir, também, das pequenas autarquias”. Desta forma, os cidadãos desencantados da política tradicional, “agrupam-se me movimentos como este, onde não há clientela, nem caciquismo”.
Incomoda-o, sobremaneira, que ainda se faça, em alguns locais, a “velha política”: aquela em que, ao ir votar, o cidadão encontra alguém que “vai lhe falando ao ouvido”, como se Portugal fosse uma “república das Bananas”, ou o “Brasil antigo, dos militares e dos coronéis do sertão”. Ainda referindo-se a este assunto, Garrucho apresenta uma teoria bastante curiosa: diz ele que, “a política como é feita, não é um produto atrativo”…
Para ele, as tertúlias que o seu movimento vai realizando aqui e acolá, pelo Concelho, são um forte contributo para uma nova cidadania, sem que se coloque contra os partidos “que são fundamentais”. “Não devemos acabar com eles, mas ajudá-los a transformarem-se para melhor”.
O “MAR” é, e será sempre, uma voz ativa no Concelho, já que a população lhe deu o “direito do voto e do veto”, e esse direito – afirma – será usado sempre que for necessário, sobretudo em áreas sensíveis como a do saneamento, a dos resíduos, e uma melhor internet, “pois, atualmente, é de bradar aos céus, o que aqui temos”.
Para Garrucho, Mira perdeu tudo o que um Concelho desenvolvido pode possuir: “a GNR na Praia e o Tribunal, são alguns dos casos mais emblemáticos de como o município foi perdendo força a nível nacional. Ainda mais, se atentarmos ao facto do PSD ter ganho as eleições por ter vindo um Ministro (Poiares Maduro) fazer promessas, o que deu, aos eleitores, uma garantia de que seria benéfico ter o partido à frente da Câmara”. “Está na hora – diz ele – do PSD de Mira dizer ao PSD nacional que este precisa apoiar o Concelho. Onde já se viu, 63% deste Concelho, não ter saneamento? Porque não se trata, aqui mesmo, o lixo, o que seria uma mais-valia para Mira, a nível de produção de riqueza?”
Estas, são questões que o “MAR” promete não deixar cair no esquecimento. São lutas que promete não deixar de travar. São assuntos, por demais importantes, para que não sejam encarados de frente, e que fazem parte do dia-a-dia da população pela qual se propôs lutar…
Like this:
Like Loading...
Relacionado