O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Registos e Notariado pede que seja feita uma avaliação profunda das necessidades dos serviços ao nível técnico e de recursos humanos.
O Ministério da Justiça decidiu adiar por uma semana a iniciativa casa aberta para resolver atrasos na renovação do cartão do cidadão e passaporte. Assim, só no primeiro sábado de outubro, a iniciativa vai arrancar em nove lojas do cidadão e no Campus da Justiça, em Lisboa. Uma medida que Arménio Maximino, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Registos e Notariado, acredita que vai ajudar, mas não é suficiente, até porque os recursos humanos são escassos e os equipamentos informáticos das conservatórias são, na sua perspetiva, “um ferro velho”.
“A falta de recursos humanos não é só na gestão do cartão e do passaporte. Nós temos mais de 120 mil processos de atribuição de nacionalidade. Há conservatórias com atrasos já de um ano. O registo predial começa também a ter atrasos. O registo comercial começa também a ter atrasos. Todas as medidas que possam vir a ser feitas para melhorar a capacidade de resposta e tirar os cidadãos deste sufoco que é terem acesso a serviços sociais são bem-vindas e só podemos aplaudir. O que me parece é que não são suficientes e não vão resolver o problema”, sustenta em entrevista à TSF
Há poucos funcionários e os equipamentos com que têm de trabalhar também começam a ficar obsoletos denuncia Arménio Maximino: “Temos computadores de 2003. Nalgumas conservatórias estão, literalmente, presos por arames. Temos canetas para o cartão de cidadão completamente partidas, coladas com fita-cola, o que obriga as pessoas a assinarem duas ou três vezes porque nem sempre fica bem à primeira. Temos ferro velho em termos de parque informático. Temos um parque informático e aplicações informáticas que são jurássicas.”
Maximino dá o exemplo de um caso reportado recentemente por um colega: “Ao ligar ao computador o leitor do cartão de cidadão, o computador desligou. Teve de o reiniciar e demorou 15 minutos.”
“O Governo promete em propaganda Ferraris e depois os utentes chegam aos serviços e aquilo que temos para lhes oferecer são ferros velhos”, remata.
O presidente do sindicato pede, por isso, que seja feita uma avaliação profunda das necessidades dos serviços ao nível técnico e de recursos humanos.
Ana Sofia Freitas / Sara Beatriz Monteiro / TSF