TERTÚLIA “MAR À SEXTA” FOI UM ENORME SUCESSO…

Na última sexta-feira do mês de Fevereiro – último dia do mês também – aconteceu mais uma ronda da já muito falada tertúlia “Mar à Sexta”.

O assunto que marcou a reunião foram os famosos “Caretos da Lagoa”.

Como tal, o local escolhido foi a sede do Lagonense, com a presença de um bom número de pessoas, se for tomado em conta o tempo frio que “não convidava” a sair da frente da lareira. Mesmo assim, lá estava um público disposto a ouvir as palavras ditas por José Carlos Garrucho, João Luís Pinho e Joaquim Sousa Pinto, os oradores “de plantão”.

Como ali foi referido, os Caretos representam “o espírito das gentes da Lagoa”, e este grupo é capaz de produzir riqueza para o Concelho de Mira e, não somente para a localidade Lagonense.

Para os oradores, os Caretos procuram reeditar e não deixar morrer tradições que se foram perdendo ao longo do tempo. E, para agravar a situação, falta documentação escrita para conhecer toda a verdade sobre o grupo.

Um exemplo do tamanho da luta que se trava ao longo dos tempos para manter as tradições e as suas gentes, foi o Estado Novo, onde a guerra e a emigração foram deixando vagos inúmeros “postos”. Muitos saíram para uma guerra que no fundo não era deles, e não retornaram. Outros tiveram que viver noutros países por necessidades económicas…

Mas, como dizem pela terra Lagonense, “ser Careto é ser da Lagoa”, ou seja – tudo se fez, faz e fará para se manter viva tamanha herança cultural que se foi recebendo das gerações mais antigas até chegar à atual.

Assim sendo, o grupo tem a consciência plena de que é das tradições mais puras que existe nas terras da Gândara. Exatamente por isto, fazem questão de apresentar uma enorme vitalidade nos dias de hoje. Como exemplo, disseram ter estado no começo de Fevereiro em Espanha num programa televisivo que, em cinco minutos de emissão, promoveu muitíssimo – por conta da tradição – economicamente o Concelho Mirense.

Quanto à origem deste importante ícone cultural, disseram que os primeiros Caretos devem ter nascido algures entre a Dinamarca e a Escócia (Celtas).

Foi ainda referido que cada uma das peças que são usadas por cada elemento do grupo tem uma representação simbólica e define a força da masculinidade, já que – como culto pagão – representam a força do macho.

No fundo, o ritual dos Caretos é, segundo os intervenientes, um ritual de passagem do rapaz à idade adulta.

Ficou, através das palavras dos oradores, a certeza de que um grupo como os Caretos é fundamental para contar a história de toda uma região e não apenas de um local restrito. Que naquelas figuras existem ensinamentos passados ao longo dos séculos que, contra todas as expectativas, jamais foram deitados por terra. Quem por cá anda hoje, quer preservar as marcas históricas e culturais herdadas à custa de muita luta.

Este é um grupo que pode dar-nos outra lição fundamental: em tempos tão difíceis, há gente capaz de encontrar forças para, preservando a memória, criar condições de trazer divisas à sua terra, através da cultura.IMG_4795IMG_4800IMG_4793IMG_4790 IMG_4798IMG_4788