É pela voz – admite – que tantas vezes é reconhecido por onde passa. Não é por acaso: Teófilo Fernando é um dos nomes e uma das vozes mais sonantes do radialismo desportivo português!
Nasceu às portas do Porto, em São Félix da Marinha, cresceu em Matosinhos e reside em Anadia. Em todo o lado onde esteve e, felizmente, ainda está, a sua marca registada para além da enorme humildade e simpatia, é a da qualidade superior do trabalho que desempenha.
Teófilo Fernando é mais que um mero repórter de campo nas transmissões desportivas da TSF. É o verdadeiro adjunto do relatador de serviço – geralmente acompanha o famosíssimo João Ricardo Pateiro – juntando à emoção tão característica do relatador à sua forma perfeita de descrever os lances… tão perfeita que não é preciso o ouvinte estar no estádio ou a ver o jogo na TV, naquele momento, para saber o que acabou de acontecer.
Nascido há exatos 52 anos, Teófilo fez-se gente no meio da rádio nos idos anos 80 do século passado. Anos que parecem ter sido frutíferos e capazes de produzir enormes safras de execelentes profissionais em todas as áreas… incluindo a da comunicação social.
Teófilo Fernando fez a sua estréia na Rádio Atlântico, em Matosinhos – uma rádio pirata “como muitas, nascidas nas localidades, por aquela altura” – onde “passava músicas que fugiam bastante à música comercial”, que estavam em “LP´s que levava para a rádio, embaixo dos braços”. Uma rádio assim, “nascida fora do contexto” acabou por “ir vingando, apostando na informação” chegando ao ponto de realizar emissões que duravam dez horas, em direto, como foi a inauguração da Câmara Municipal de Matosinhos cujo autarca era Narciso Miranda, por aquela altura.
O que parecia, ao início, um projeto inocente, acabou por ter “enorme aceitação” tendo conquistado “bons patrocínios para relatarem-se jogos, com direito à “tardes desportivas” onde incluíam-se jogos de futebol do Leixões e do Leça, de basquetebol (Gueifães) e… até de voleybol!”.
Considerando que “a Rádio Atlântico foi a nossa universidade” , Teófilo relembra com nostalgia o trabalho de enorme qualidade que ali foi desenvolvido. “Chegamos a ter o Duarte Valente no Iraque a fazer a cobertura “in loco” da Guerra! Transmitimos o Mundial de Hóquei em Patins no “Rosa Mota” e outras atividades que deram nome, deram-nos capacidade de aprendizagem… pena foi, a Rádio ter encerrado por questões diversas, pois ela foi um fantástico meio de comunicação”.
Víeram, então, a Rádio Nova Era, ligada à informação e a Rádio Energia, cujo nome diz tudo: uma rádio direcionada “à malta jovem, às associações de estudantes, onde o que estava em causa eram as músicas, a cultura e os desportos radicais”.
Mas, como a carreira profissional já começava a destacar-se,Teófilo, por aquela altura, passou pela primeira vez pela TSF. Ali, durante quase um ano esteve a “mostrar como estavam os caminhos das ruas do Porto” já que o Helicóptero onde estava era o seu local de trabalho, sobrevoando a cidade, indicando como os automobilistas podiam escapar aos engarrafamentos. Sim! Antes de andar na relva a colher informações e entrevistas, Teófilo Fernando esteve nas alturas…
Convidado “pelo grande Trindade Guedes” para engajar-se na parte desportiva, encontrou ali, o caminho pelo qual, hoje, é tão reconhecido. Foram tempos “onde existia liberdade para trabalhar, onde se vivia o dia-a-dia dos clubes”. Bob Robson, António Oliveira, Jesualdo Ferreira, José Mournho… todos eles abriram-lhe portas para que o trabalho se desenvolvesse do modo com o qual gosta de trabalhar: com a liberdade da consciência! Mas, há outros nomes a destacar e, estes, fora de campo: “Carlos Daniel, depois Jorge Perestrelo, para além de Carlos Severino, David Borges, Bernardino Barros… fica difícil nomear todos, mas todos – sem exceção – grandes profissionais, ensinaram-me tudo o que sei!”.
Seguiu-se a Antena 1, onde esteve durante 12 anos. Ali presenciou “um FC Porto de Mourinho exuberante em Manchester, em Sevilla, em Gelsenkirchen, um Euro 2008, quando estive 45 dias fora de casa a trabalhar com uma equipa fantástica de 20 pessoas como Paulo Sérgio, Alexandre Afonso, Nuno Matos, Pedro Ribeiro ou Horácio Antunes”.
Por agora, lá está ele, novamente, a fazer o que gosta na sua TSF. Classifica João Ricardo Pateiro como um “profissional original na área do relato e um amigo que muito admiro como ser humano”. Juntos vão desfilando classe pelos estádios, porque não são somente as estrelas – os jogadores – que lá brilham! Admite ser um homem “pragmático” e que deixa “o caminho da vida seguir com normalidade”. Por isso, também – por amor à terra que o acolheu – aceitou fazer parte do projeto de comunicação da Câmara de Anadia. Também ali encontra “espaço para dar o melhor de mim naquilo que faço apaixonadamente…”
Tantas recordações tem este repórter para contar! Relata ao repórter que o entrevista, de tal forma a – já longa vivência radiofónica – que parece que, mesmo ao telefone é possível ver-lhe os olhos a brilhar. Fala com paixão pelo trabalho que desenvolve. Fala com amor pela profissão que o escolheu… sim, foi ela quem ditou o seu futuro já que, no momento em que levava LP´s em baixo dos braços estava longe de advinhar o que a vida lhe reservava.
Teófilo Fernando é, desde há bastante tempo, também ele… um grande nome do radialismo português. Também a geração que acaba de chegar e as vindouras, aprendem e aprenderão com ele, como ele um dia aprendeu com outros grandes. Profissional meticuloso e, acima de tudo, honesto naquilo que vê e descreve, é o garante ao ouvinte que o escuta de que na Bairrada faz-se muito mais que excelentes vinhos!
Jornal Mira Online
Imagens: Teófilo Fernando