Os dados analisados pelos cientistas são referentes aos últimos 40 anos.
O aquecimento do Ártico está a acontecer a uma velocidade superior ao que tinha sido anteriormente definida. Um estudo publicado na revista Communications Earth & Environment avança que o Ártico, como um todo, aqueceu perto de quatro vezes mais rápido nas últimas quatro década do que a média global.
Já se saiba que a velocidade de aquecimento no Ártico era superior à média, mas o valor agora avançado pelo estudo é quase o dobro do que estava estimado. Organizações climatológicas – como a Administração Norte-americana do Oceano e da Atmosfera (NOAA, na sigla inglesa), – tinham avançado que a temperatura nesta zona estaria a subir duas vezes mais rápido do que a média do planeta.
Este novo estudo, liderado pelo cientista climático Mika Rantanen, foi iniciado depois de terem sido registadas várias ondas de calor de grande intensidade no Ártico, avança o The Independent.
Os investigadores analisaram dados de temperatura registados entre 1979 – ano a partir do qual existem dados recolhidos por satélite de boa qualidade – e 2021. A conclusão do estudo aponta que, nos últimos 40 anos, a temperatura do Ártico subiu 3,8 vezes mais depressa do que a média global.
Mas esta subida de temperatura não foi uniforme. Os cientistas concluíram também que as zonas localizadas mais perto do polo norte registaram um aquecimento mais acentuado do que áreas mais a sul. Há também zonas em que a subida de temperatura chega a ser sete vezes maior do que a média global: é o caso das ilhas russas Novaya Zemlya.
O cientista climático Mika Rantanen explica, ao The Independent, que um dos fatores que leva a um aquecimento mais rápido é o fenómeno “amplificação do Ártico”, que acontece, precisamente, devido ao derreter do gelo marinho. Ao derreter o gelo, passa a existir uma menor quantidade de superfície brilhante e reflexa – característica do gelo branco – e passa a haver uma área escura maior no oceano, que vai absorver a luz solar e o calor e potenciar o aquecimento.
O aquecimento global está relacionado com o aumento dos níveis de gases de estufa – como o dióxido de carbono, o metano, o vapor de água, entre outros – que estão ligados à atividade humana. O aumento da temperatura em regiões como o Ártico ou a Antártida impulsiona o derretimento das camadas de gelo existentes em ambos o polos, o que leva também ao aumento do nível do mar.
Outro estudo, publicado um dia antes, avança que se o manto de gelo que cobre a Antártida Oriental derreter, o nível do mar poderia subir cinco metros nos próximos séculos. Também a norte, o desaparecimento da camada de gelo que cobre a Gronelândia é considerado pela comunidade científica como um importante fator para o aumento do nível do mar.
O desaparecimento dos glaciares e da camada de gelo coloca em causa ainda os habitats de várias espécies de animais tanto no Ártico como na Antártida. Também os solos que até agora estavam permanentemente congelados passam a sofrer erosões e inundações.
SIC Notícias