A nova técnica de introdução alimentar, “Baby Led Weaning” (BLW), pretende que os bebés comecem a introduzir alimentos sólidos, como fruta e legumes, a partir dos seis meses, pela sua mão.
Bebés a comerem fruta e legumes sólidos pela sua mão em vez das tradicionais sopas e papas é uma prática com cada vez mais adeptos em Portugal e que, segundo pediatras, tem benefícios físicos e emocionais para a criança.
A prática chama-se “Baby Led Weaning” (BLW) e consiste em oferecer ao bebé, quando inicia a alimentação complementar, a partir dos seis meses, os alimentos que os pais estão a comer e deixá-lo comer o que quer, na quantidade que quer.
Além disso, a comida não pode ser demasiado dura “porque o bebé não conseguiria roer e poderia engasgar-se”, nem demasiado mole porque irá esmagá-la. Nos primeiros tempos, o ideal é oferecer-se legumes cozidos e fruta, alargando depois a oferta a outros alimentos, disse.
Habituados à tradição das sopas e papas, muitos pais temem “aventurar-se” no BLW por causa do engasgamento. Graça Gonçalves admitiu que pode ocorrer, mas assegurou que os bebés têm mecanismos de defesa.
Quanto às quantidades, o BLW “baseia-se naquilo que a criança já faz quando mama em livre demanda: o bebé vai comer a quantidade que quer e vai escolher, dentro da oferta, aquilo que quer comer”, disse Graça Gonçalves.
Questionada sobre as vantagens deste método, a pediatra disse que “não há batalhas à mesa, o bebé ganha confiança na comida e consegue adquirir a capacidade da mastigação, que é uma coisa que tem uma janela muito estreita para se conseguir fazer”. É também estimulada a motricidade fina e um bom desenvolvimento da arcada dentária e de todas as estruturas à volta da boca.
“Quando o bebé começa a olhar para aquilo que os pais comem, a abrir a boca quando eles levam comida à boca e a querer agarrar, essa criança começa a dar sinais de que está interessada em começar a comer”, afirmou.
Pela sua experiência, Graça Fonseca considera que há um “interesse crescente e cada vez mais pessoas a querer fazer o BLW” e deixa a receita para quem o quer praticar: “tem de haver uma certa dose de descontração”.
A bebé segue a alimentação vegan dos pais, que tentam, por isso, oferecer-lhe uma grande diversidade alimentar. A estrear-se nestas andanças, a também mãe Ana Stilwell considera que adotar o BLW “é uma aprendizagem” para os pais e para os bebés.
“A Marta começou a dar sinais de interesse. Fui experimentando e dando e percebendo que ela sabe que quando se engasga consegue resolver. Sabe escolher e escolhe alimentos que consegue agarrar”, contou.
Em Portugal, o BLW é divulgado sobretudo através de livros, do “boca a boca” e de vídeos na Internet. Não há associações nem movimentos dedicados ao tema, apenas um grupo no Facebook que foi criado há uns dois anos e que conta atualmente com 2.963 membros.
À Lusa, a administradora desta conta da rede social, Filipa dos Santos, disse que o “interesse pelo BLW tem vindo a aumentar e “só não se pratica mais porque, normalmente, nos regimes alimentares infantis que os profissionais de saúde distribuem, referem-se a sopa ou puré”.
Fonte: Lusa