Teatro amador em Cantanhede, Pena, Zambujal, Ourentã e Franciscas

A agenda do XVII Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede propõe, para o próximo fim de semana, cinco espetáculos em Cantanhede, Zambujal, Pena e Ourentã, concretizando-se assim mais uma etapa do programa de revitalização da atividade teatral que a Câmara Municipal tem vindo a promover desde 1998, com o envolvimento de 14 grupos cénicos do concelho.

Estreias são duas, ambas no sábado, às 21h30, designadamente a do Grupo de Teatro S. Pedro (Paróquia de Cantanhede), que inicia a sua participação no certame no auditório Centro Paroquial de Cantanhede com É sórrir!, e do Grupo de Teatro “As Fontes do Zambujal”, da Associação Juvenil do Zambujal e Fornos, que estreia na antiga escola primária do Zambujal o clássico “Milagre das Rosas da Rainha Santa Isabel”. O espetáculo do Grupo de Teatro S. Pedro tem um registo próximo da orientação que tem resultado em grandes êxitos em edições anteriores do ciclo de teatro. É sórrir! é constituído por dezenas de quadros do quotidiano, alguns deles musicados, os quais, num registo de grande divertimento, dão expressão à crítica sociopolítica dos conturbados tempos modernos.

Contornos diferentes tem a peça do Grupo de Teatro “As Fontes do Zambujal”, da Associação Juvenil do Zambujal e Fornos, pois trata-se de uma encenação do “Milagre das Rosas da Rainha Santa Isabel”, uma autêntica lição de história a partir da conhecida lenda que atesta a imensa bondade e caridade daquela que foi Rainha e Santa, esposa de D. Dinis, D. Isabel de Aragão.

Além destas atuações, realiza-se mais uma jornada de itinerância, com a deslocação, do Grupo de Teatro Amador da União Recreativa de Cadima ao CCRP – Centro Cultural e Recreativo da Pena, onde apresentará, também no sábado, igualmente às 21h30, As Duas Faces do Amor, um texto original de Odette de Saint-Maurice com ação centrada na questão da influência que o passado pode exercer no futuro dos filhos, e O Julgamento, adaptação de Maria João Espírito Santo de uma comédia de Sabino Correia sobre “os meandros andrajosos da justiça”.

No domingo, às 15h30, é a vez de o GATT – Grupo Amador de Teatro da Tocha se apresentar na sede do CSPO – Centro Social e Polivalente de Ourentã, com “Verdades e Mentiras da Vida Real”, peça original de José Maria Giraldo que tem na base a expressão popular “com a verdade me enganas” e que segue o princípio clássico de que “a rir se criticam os costumes”. Trata-se de uma comédia que retrata temas de caráter socioeconómico e político, numa abordagem humorística e jocosa a situações da atualidade, em alguns casos com textos em verso debitados em ambientes de festa, cujo cenário de fundo são as fogueiras de Santo António e na Gândara, nomeadamente na Praia da Tocha. Mas o contexto do enredo é uma vila alentejana, onde o espírito próprio dos habitantes esmiúça algumas verdades com o seu sotaque característico.

Também no domingo, mas às 16h30, o Grupo de Teatro Experimental “A Fonte”, de Murtede leva ao palco da Associação do Grupo Musical das Franciscas “GTEFados do Avesso”, uma revista com diversos quadros humorísticos, alguns dos quais sobre o quotidiano da comunidade, bem como momentos de música e de dança. O título do espetáculo é um acrónimo do grupo de teatro e sugere a barafunda que se vai viver em palco e que promete muita animação e boa disposição.

Sobre o Grupo de Teatro S. Pedro

Nascido do grupo Coral Litúrgico da Paróquia de Cantanhede, em 2005 com a realização dos primeiros ensaios, o Grupo de Teatro S. Pedro juntou o gosto de cantar e o gosto da representação com a dedicação à causa da Igreja local e preparou a sua primeira apresentação para a inauguração do Centro Paroquial S. Pedro, em Junho de 2006.

Tratou-se de um musical intitulado “Festa na Aldeia” que contou maioritariamente com elementos do grupo Litúrgico e do Grupo de Jovens de Cantanhede e cujo primeiro objetivo era angariar fundos para o referido Centro. Dada a grande aceitação por parte do público da cidade e do concelho, integrou-se, em 2007, no IX Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede, organizado pela Câmara Municipal.

Em 2008 participou no X Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede com o musical “J.C. Ontem, Hoje e Sempre” que reapresentou na edição anterior com os devidos ajustes. Em 2009, levou a palco “Recordar… e viver…”, no ano seguinte representou “Tributo ao passado” e em 2011 “De malas feitas”. Em 2012, participou no Ciclo de Teatro com a peça “Uma história com fado”, no ano em que o mesmo foi classificado pela UNESCO Património Imaterial da Humanidade.

Fazem parte deste grupo cerca de 25 atores, jovens e adultos e é sua orientadora Maria Dulce Sancho, autora dos textos com o grupo se apresenta, não dispensando todas as colaborações dos elementos do Grupo.

 Sobre o Grupo de Teatro As Fontes do Zambujal

O Grupo de Teatro “As Fontes do Zambujal” foi constituído há 17 anos e é composto atualmente por cerca de 20 elementos, maioritariamente das localidades de Zambujal e Fornos. A sua designação é uma referência às quatro fontes de origem romana que existiram no Zambujal, designadamente Fonte de Rodelos, Fonte Má, Fonte Perto e Fonte Seca.

As raízes desta formação teatral podem ser encontradas em 1954, mais precisamente em 27 de maio, data em que foi fundado um agrupamento com o nome “Viva O. R. Zal” (Viva o Rancho do Zambujal). A iniciativa partiu de alguns indivíduos da comunidade que pretendiam desenvolver atividades de lazer para preencher os seus tempos livres, assim como manter vivas a tradição e a autenticidade dos trajes danças e cantares do Zambujal.

Depois de uma interrupção de alguns anos, o Grupo retomou o seu funcionamento em 1992, sob a nova designação de Grupo Folclórico “Os Malmequeres do Zambujal”. Em julho de 1995, passou a integrar a Associação Juvenil do Zambujal e Fornos, mais precisamente a sua secção de folclore e em 1996 filiou-se no INATEL.

É nessa mesma altura que surge o Grupo de Teatro “As Fontes do Zambujal” que inicia um trabalho de produção teatral regular apresentando uma a duas peças anualmente, por altura da quadra natalícia e participando no Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede, desde a sua primeira edição.

Em 1998, faz a sua primeira apresentação fora da terra, mais precisamente nas Franciscas, no âmbito do I Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede, com as peças “Falar Verdade a Mentir” e “O Senhor”. No ano seguinte faz um périplo por várias localidades do Concelho de Cantanhede com as produções “O Céu da Minha Rua” e “Terra Firme”.

A peça que ensaiou e apresentou de seguida, no Natal de 2000, a comédia em três atos “Dois maridos em apuros”, constituiu-se como um grande sucesso perante o público, sendo apresentada igualmente no Ciclo de Teatro de Cantanhede do ano seguinte. Em dezembro de 2001 esta formação teatral apresentou a comédia “O Padre Piedade”, que também apresentou no Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede, em 2002. Nos anos seguintes levou à cena as peças “A Carta Anónima”, a comédia “O processo de Mário Dâmaso”, o drama “As Rosas de Nossa Senhora”, a comédia “Mendonça & Mendonça” e a comédia “O Morgado de Fafe Amoroso”.

Desde o início da sua atividade que cabe a Dinis Fatia a escolha e encenação das peças a serem apresentadas, bem como distribuir os diferentes papéis pelos atores, atendendo sempre às características e capacidades de cada um. É também o autor dos cenários, passando largas horas a pintar as imagens que têm servido de fundo e suporte à atuação dos atores.

 Sobre o Grupo de Teatro Amador da União Recreativa de Cadima

O Grupo de Teatro Amador da União Recreativa de Cadima (URC) nasceu por iniciativa da direção da URC, no ano 2000. Na sequência da informação recebida por esta associação da realização do II Ciclo de Teatro, promovido pela Câmara Municipal de Cantanhede, esta direção decidiu contactar/convidar algumas pessoas com anterior experiência de palco, em Cadima. É dessa forma que o Grupo de Teatro renasce já que, até meados da década de 1980, se ia fazendo algum teatro na coletividade.

Habitualmente, o grupo não recorre a textos próprios. Farsas são o tipo de peça que mais agrada levar à cena. Contudo, e em virtude das dificuldades em encontrar peças deste cariz, cujo conteúdo agrade aos elementos do grupo, tem levado à cena vários dramas, mas também pequenas comédias. É essencial, qualquer que seja o estilo de peça levada à cena, que o texto transmita uma mensagem.

Em 2008, pela dificuldade já mencionada em encontrar peças, o grupo decidiu não integrar o Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede, mas não deixou de receber um dos grupos que estava nele inserido. No mesmo ano, e para não parar a atividade, realizou uma “soirée” com declamação e teatralização de vários textos em prosa e poesia.

Para além das atuações no Ciclo de Teatro, o grupo tem aceitado convites para apresentar o seu trabalho por parte de coletividades do Concelho e fora deste, designadamente Cordinhã, Caniceira e Canelas, em Vila Nova de Gaia, com as quais tem partilhado enriquecedoras experiências, contributos relevantes para a própria dinâmica que o grupo tem assumido.

No ano 2006, um grupo de teatro da Escola Pedro Teixeira acompanhou o grupo nas suas atuações com uma peça da sua autoria.

Sobre o Grupo Amador de Teatro da Tocha

As origens do Grupo Amador de Teatro da Tocha ninguém as sabe ao certo e também não existe nenhum documento escrito onde estejam registadas. São os elementos antigos com mais anos de casa que contam, entre as memórias que ainda surgem, os momentos mais marcantes de que há lembrança.

Os ensaios decorriam na antiga sede, localizada na Rua Dr. José Gomes da Cruz. A primeira peça foi levada à cena na década de 60, no antigo Grémio de Instrução e Recreio da Tocha, onde se realizavam os bailes (no atual café Esplanada), mas a continuidade perdeu-se.

É na década de 70, pelas mãos de Júlio Garcia Simão, encenador e antigo funcionário do Rovisco Pais, que o Grupo de Teatro ganha novo alento. Mais tarde é substituído por Américo Guímaro, que levou à cena a peça “A Forja”, também encenada no Festival de Teatro de Montemor-o-Velho. É com ele que se estreia a peça “Frei Thomaz”.

Segue-se novamente um período de interregno, onde apenas se fazem alguns “sketches”, para em 1984 Júlio Campante, de Coimbra, mas casado com a professora da escola primária da Tocha, dar uma nova dinâmica ao Grupo Amador de Teatro, que com ele começou a atuar em palcos um pouco por todo o país.

O bichinho do teatro ficou de vez, e já na sede da Associação Recreativa e Cultural 1.º de Maio da Tocha, “o salão encheu-se um punhado de vezes”. A população aderia aos espetáculos e é com o Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede e a participação no certame que o grupo se revitaliza e se consolida, ficando apenas marcada por um interregno de um ano, em 2003, devido a um vazio de direção instalado, e em 2012, por doença do ator principal, Américo Romão.

O Grupo de Teatro Amador da Tocha já levou a palco diversas peças de diferentes estilos, tais como “A Casa dos Pais”, “Entre Giestas”, “A Mala de Bernardete”, “Serão Homens Amanhã”, “Há Horas Diabólicas”, “As Duas Cartas”, “Uma Sardinha para Três”, “Terra Firme”, “Frei Thomaz”, levada a palco na década de 1970 e que em 2009 voltou a estar em cena, seguida de “Falar Verdade a Mentir”, em 2010, “A Forja” e no ano anterior apresentou “O Doente Imaginário”, uma adaptação do original da autoria de Molière.

 Sobre o Grupo de Teatro Experimental “A Fonte” de Murtede

O Grupo de Teatro Experimental “A Fonte” de Murtede foi fundado em 2000 por 24 jovens da freguesia. Esta associação juvenil tem atualmente cerca de 80 associados e é filiada no INATEL e no Instituto Português da Juventude.

Da sua atividade no campo das artes cénicas destaca-se a apresentação regular de peças de teatro em produções que têm registado o reconhecimento do público e das entidades que têm apoiado o trabalho do grupo, nomeadamente a Câmara Municipal de Cantanhede, a Junta de Freguesia de Murtede, o INATEL, o Instituto Português da Juventude (IPJ) e a Delegação Regional do Centro do Ministério da Cultura.

Além da sua participação regular em diversos espetáculos de Teatro, desenvolve também outro tipo de ações culturais, com destaque para Danças na Minha Aldeia, encontro com animação em diversas vertentes musicais que se realiza na segunda quinzena de Maio, Concertos de Música Sacra, convívios e iniciativas não só com os seus associados mas também com outros habitantes da comunidade, como é o caso do programa de OTL – Ocupação de Tempos, da responsabilidade do IPJ.

O Grupo de Teatro Experimental “A Fonte” de Murtede participa também regularmente na EXPOFACIC, no Festival Internacional de Dixieland de Cantanhede e desenvolve algumas parcerias na organização de eventos promovidos pela Junta de Freguesia de Murtede e a Câmara Municipal de Cantanhede.