Se é certo que o Rio Ave sai de Alvalade com dois golos marcados e ainda uma bola de João Schmidt atirava à trave da baliza do Sporting, o encontro frente ao Rio Ave ficou marcado por melhorias claras do Sporting em momento defensivo, sinal de uma aprendizagem rápida e proativa de Marcel Keizer aqueles que vinham sendo os principais problemas da equipa até aqui. Entenda-se o contexto. Foi já com o Sporting a vencer por 3-0 que o Rio Ave chegou ao golo, reentrando no encontro fruto de um lance em que nem rematou à baliza, mas cujo cruzamento de Matheus Reis terminou teimosamente dentro da baliza de Renan.
Até então, o Sporting pouco permitira ao Rio Ave e só numa desatenção da defesa do Sporting, Renan foi colocado em trabalhos, até que aos 40 minutos, o conjunto vila condense descobriu pela primeira vez espaço entre as linhas do Sporting e naquele pequeno território entre lateral e central onde regularmente está o ouro. Dala, isolado por Galeno, atirou ao lado. Se o Rio Ave demorou quarenta minutos a ser perigoso, isso muito se deve a uma nuance tática introduzida por Keizer que pareceu ter surpreendido a equipa de José Gomes. Se com bola e em momento ofensivo o Sporting surgiu no tradicional 4-3-3, em momento defensivo a equipa transfigurou-se num 4-4-2 que retirou espaço à construção do Rio Ave. Ainda para mais, perante a cobertura quase exímia dos espaços por parte de Miguel Luís.
Apesar do ritmo do jogo de Alvalade nunca ter sido particularmente alto, o domínio do Sporting durante grande parte do encontro foi praticamente absoluto e foi já confortável no resultado que o Rio Ave acabou por crescer. Sempre aproveitando a total desorganização do conjunto de José Gomes, de bloco facilmente desmontável e espaços concedidos ao adversário um pouco por todo o terreno. A facilidade com que o Sporting construiu um resultado avolumado não surpreendeu e faltavam ainda 15 minutos para o fim do jogo, já os Leões venciam por 5-1 fruto de golos de Dost e Diaby que bisaram no encontro. Só um lance de grande penalidade algo confuso, já nos dez minutos finais do encontro, permitiram ao Rio Ave amenizar um resultado que podia perfeitamente ter sido bem mais pesado.
As facilidades concedidas pelo Rio Ave ao Sporting em momento defensivo aliado à dinâmica e mobilidade da equipa de Marcel Keizer resultaram numa facilidade invulgar da equipa do Sporting em construir oportunidades de golo e não fosse o altruísmo de Bas Dost num dos vários bons lances do Sporting em organização coletiva, aos 65 minutos e o quinto golo do Sporting até podia ter chegado imediatamente a seguir ao quarto, precisamente marcado por Bas Dost e talvez por isso mesmo. Já antes de tudo isto, Leo Jardim, por duas vezes, e numa delas de forma impressionante, evitara golos a Bruno Fernandes, Jovane e Miguel Luís.
Em Alvalade, o Rio Ave nunca encontrou forma de contornar a nova organização defensiva do Sporting e não fossem as desatenções pontuais da equipa de Marcel Keizer, explicadas pelo conforto e tranquilidade do resultado e, este, podia ter-se tornado ainda mais duro para os homens de Vila do Conde, ainda que estes, tanto aos 53 como aos 55 minutos, tivessem conseguido aproximações perigosas à baliza do Sporting, terminando porém sem conseguir rematar à baliza. Pormenores que marcaram o jogo do Rio Ave que nunca deixou a promessa para ser efetivo. Tanto, que só mesmo de bola parada a equipa de José Gomes conseguiu realmente ser perigosa, com o livre de João Schmidt e a grande penalidade de Vinicius a mascararem uma exibição a roçar o desastre, do Rio Ave, em Alvalade.
Frente ao Rio Ave, em Alvalade, não só o Sporting seguiu em frente na Taça de Portugal como manteve o passo impressionante que vai caracterizando a equipa de Marcel Keizer. Hoje, com cinco golos, até esteve acima da média de golos habitual, quatro, e isso não é fácil. O mais promissor, porém, para os adeptos sportinguistas, nem foi tanto a capacidade goleadora. Foi mais a capacidade em manter o vendaval goleador, sem nunca ter de acelerar realmente o jogo, com o Sporting a criar facilmente situações que colocam os finalizadores em zona de oportunidade flagrante em que o mais difícil é mesmo não marcar. Isso e, claro, o facto de hoje o Sporting ter apresentado pormenores em organização defensiva que se poderão tornar pormaiores e vir a fazer a diferença no futuro.
Em boa hora, dirão os Leões, chegou este holandês que ainda por cima parece aprender depressa. No final, tudo somado, deu chuva de golos. Sporting cinco, Rio Ave dois.
João Pedro Cordeiro / Bancada.pt