O toque de madrugada fazia adivinhar a tragédia. Armando Corgas, de 80 anos, ligou ao filho António, pouco passava das 05h20. Contou-lhe que uma discussão com a mulher que amara toda a vida o levara a matá-la. “Matei a tua mãe, desculpa”, disse Armando, desligando sem explicar os motivos do ato tresloucado. Em Sever do Vouga, Aveiro, António diz não ter conseguido raciocinar. Ligou para outro irmão, que não atendeu, correu para casa dos pais, a cerca de cinco quilómetros. Encontrou ambos mortos, só depois pediu ajuda. “Não sei o que aconteceu. Ele não explicou por que discutiram, não me disse que se ia matar. Os corpos das duas vítimas estavam no interior da moradia que partilhavam há vários anos. Na casa de dois andares, no lugar da Granja, Rocas do Vouga, Maria Alice, de 76 anos, estava morta, estendida na cama, e Armando caído numa cadeira, na mesma divisão. Ambos tinham sido atingidos a tiro pela caçadeira que Armando legalizara há vários anos. A Polícia Judiciária está a investigar, mas não há nada que explique o crime. Não havia quaisquer indícios de violência doméstica nem nenhum agravamento do estado de saúde do casal. Não havia problemas financeiros. “Sempre se deram bem”.
Fonte CM