Está escolhido: Conan Osiris é o grande vencedor da 53.ª edição do Festival RTP da Canção. De Portimão para Telavive, a partir o telemóvel. Uma noite onde até as mensagens políticas não faltaram.
A norte o Porto-Benfica ia para intervalo empatado a um golo quando, a sul, começava a grande final do Festival da Canção. Ambos com casa esgotada. A noite deste sábado queria-se, pois, em frente a uma televisão ou de ouvido na rádio.
Mas se em termos futebolísticos eram onze contra onze e no final podia antecipar-se o líder do campeonato, na Arena de Portimão foi mais um cumprir calendário — fim dos termos futebolísticos. Eram oito os finalistas, mas, como desde o início do festival, só dava Conan. Das redes sociais ao Programa da Cristina, foi declarada ao longo da última semana uma vitória antecipada. Só que do favoritismo à decisão final, ainda faltava uma gala pelo meio.
E foi pouco depois das vinte e uma que um número de abertura humorístico-dançado Vasco Palmeirim/Filomena Cautela deu o pontapé de saída para o evento que fechou, com resultados muito positivos, mais um Festival da Canção.
Sobre as atuações há pouco a dizer; muito pouco mudou além das indumentárias dos intérpretes. É, porém, importante referir o momento que se seguiu às oito atuações.
Se a Eurovisão muitas vezes é política, raramente o Festival da Canção assume uma posição. Não foi o que aconteceu esta noite com NBC e os Madrepaz. Da Green Room, o intérprete e a banda, a seu tempo, quiseram passar uma mensagem. “Estamos aqui a divertir-nos, mas há muita gente na Venezuela que não tem nada para comer”, disse NBC. “São as cores de quatro povos que hoje estão a passar por mudanças muito radicais e que precisam urgentemente de mudança: Israel, a Venezuela, a Palestina e o Brasil”, explicaram os Madrepaz em alusão às cores das suas pinturas faciais.
The show must go on. E o Festival da Canção continuou a revisitar o seu passado, desta vez com arranjos musicais de Nuno Gonçalves, dos Gift. Voltou a ouvir-se “Esta Balada Que Te Dou”, de Armando Gama, “A Cidade (até ser dia)”, de Anabela, e “Senhora do Mar”, de Vânia Fernandes. Temas que venceram o concurso em 1983, 1993 e 2008, respetivamente.
Houve ainda tempo para Cláudia Pascoal e Isaura regressarem ao palco onde, por esta altura, o ano passado se sagraram vencedoras, para apresentar novos temas. “Ter ou não ter”, o primeiro trabalho conhecido de Cláudia Pascoal depois da Eurovisão, “Liga-Desliga”, a primeira aventura de Isaura em português. Ambas prometem novidades para breve.
Mas o momento pelo qual todos esperavam só chegou depois da meia-noite: Conan Osiris venceu com 24 pontos. O peso das votações foi repartido entre os telespectadores e um júri, com representantes de sete regiões de Portugal (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Açores, Madeira e Algarve). Apenas o júri da região do Algarve não deu 12 pontos, mas sim 10, a segunda nota mais alta, ao intérprete de “Telemóveis”. Já o televoto votou em concordância com a grande maioria dos jurados.
NBC ficou na segunda posição, enquanto Matay acabou na terceira. Foi precisamente o intérprete de “Perfeito” um dos mais aplaudidos ao longo noite, continuando o seu nome gritado pela audiência já Conan tinha sido declarado vencedor.
Conan Osiris irá representar Portugal no Festival da Eurovisão, que decorre em maio em Telavive, Israel. As duas semifinais acontecem a 14 e 16 de maio, respetivamente. A grande final decide a 18 de maio quem sucede a Netta Barzilai.
Até já, Telavive.
Rita Sousa Vieira / Madremedia
Foto: RTP