Saul Bellow, o escritor que quis despertar o mundo

Ganhou o Nobel e o Pulitzer, somou três vitórias no National Book Award. Trocou Nova Iorque por Chicago. Foi casado cinco vezes e foi pai aos 84 anos. Agora, chega a hora do centenário.

Os historiadores apontam Philip Roth, um dos pesos pesados da atual literatura norte-americana, como um protegido de Bellow. E Roth não poupa nos elogios ao considerar que William Faulkner e Saul Bellow são as duas traves-mestras da escrita dos Estados Unidos no século XX. Se tal fosse definido à razão de prémios, esse estatuto acabaria aceite diante das evidências: foi o único autor a conseguir vencer por três vezes o National Book Award, em 1954 (com Aventuras de Augie March, edição portuguesa da Quetzal), em 1965 (com Herzog, Quetzal) e em 1971 (com O Planeta do Sr. Sammler, lançado em Portugal pela Texto). No mesmo ano, 1976, venceu o Pulitzer (com O Legado de Humboldt, Quetzal) e o Nobel. De resto, foi na cerimónia de entrega pela Academia Sueca que Bellow fixou um dos momentos decisivos da sua vida, com uma brilhante alocução de 70 minutos, toda virada para o dever social dos escritores, que entendia terem a responsabilidade de alertar o mundo para as suas contradições e bizarrias.

Bellow nasceu a 10 de junho de 1915 no Quebec, Canadá, e só conseguiu obter a nacionalidade norte-americana em 1941, muitos anos depois da família de lituanos judeus se ter fixado em Chicago, a cidade que o inspirou e lhe serviu, direta ou implicitamente, de cenário para alguns dos seus livros.

DN