O ex-presidente do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, acusou o Banco de Portugal de ter feito cair a instituição com o apoio do Governo, salientando que, sem a intervenção do regulador, esta “não teria colapsado”.
As acusações constam de um documento com 432 páginas assinado pelo escritório de advogados Uría Menéndez-Proença de Carvalho, a que o “Diário de Notícias” e que o “Diário Económico” tiveram acesso e que é uma resposta ao processo de contraordenação aberto pelo Banco de Portugal.
No documento, que visa contestar as acusações de que Ricardo Salgado é alvo, é questionada a resolução aplicada ao BES e comunicada ao país a 03 de agosto do ano passado.
A 03 de agosto, o BdP tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado ‘banco mau’ (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas) e o banco de transição que foi designado ‘Novo Banco’.
No documento publicado esta quinta-feira na imprensa, a defesa do ex-banqueiro diz que o “BES não faliu. Foi obrigado a desaparecer pelo Banco de Portugal [BdP], com o apoio do Governo de Portugal, liderado pelo doutor Pedro Passos Coelho”.
É também referido que o “sucesso do desaparecimento do BES foi recompensado com a recondução de Carlos Costa” no Banco de Portugal, sugerindo que, para futuro, “quem sabe, até pode ser designado administrador do Banco Central Europeu”.
A defesa de Ricardo Salgado diz que o supervisor “não pode ajuizar” este caso, considerando que o “processo terá de ser dirimido num tribunal, uma vez que o BdP foi protagonista e estará agora no papel de juiz”.
Jornal de Noticias