Rui Rio poderá ser ministro num Governo com muita gente de saída

Pedro Passos Coelho quer fechar a equipa do novo Executivo esta semana. Mais de metade da anterior formação será substituída e a grande surpresa nas aquisições poderá ser Rui Rio, que assim abdicaria da candidatura presidencial que nunca formalizou, a favor de Marcelo Rebelo de Sousa, asseguram, ao JN, várias pessoas próximas do primeiro-ministro.

Segunda-feira, o líder do PSD já esteve reunido com a Comissão Política Permanente do partido para analisar os resultados e com Paulo Portas para discutir uma solução de estabilidade; hoje, pelas 18 horas, será recebido pelo presidente da República, Cavaco Silva.

Dos 14 ministros atuais, há quatro que não transitam para a nova formação. Entre eles estão António Pires de Lima, ministro da Economia, que sempre afirmou que, independentemente do resultado das legislativas, no fim do mandato voltaria ao setor privado; e Miguel Poiares Maduro, ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional, que anunciou a saída em julho, para regressar à carreira académica. Caso contrário, perderia o vínculo contratual com o Instituto Universitário Europeu de Florença, em Itália.

Também sai Paula Teixeira da Cruz, ministra da Justiça, que, assegura fonte próxima do PSD, “depois das polémicas, como a do Citius, não tem condições para continuar”. E Anabela Rodrigues, da Administração Interna. “Foi uma escolha de recurso aquando da saída de Miguel Macedo”, considera a fonte.

Na lista dos indecisos, mas com provável bilhete de saída, estão Paulo Macedo, ministro da Saúde, que já terá manifestado “vontade de sair”; Rui Machete, ministro dos Negócios Estrangeiros, que aparentemente tem a tutela mais disputada; e Nuno Crato, da Educação, pelas mesma razões de Teixeira da Cruz. “Um Governo de minoria precisa de ser politicamente forte, para negociar com a Oposição, e aí Crato não tem lugar”.

A confirmarem-se estas saídas, apenas Maria Luís Albuquerque (Finanças), Moreira da Silva (Ambiente), Assunção Cristas (Agricultura) e Pedro Mota Soares (Solidariedade e Emprego) poderão manter-se nos respetivos ministérios. José Pedro Aguiar Branco (Defesa) deverá continuar no Governo, mas num lugar diferente. Fontes ligadas ao ministro revelam que o advogado quer transitar para os Negócios Estrangeiros, pasta que Paulo Portas também deseja recuperar. Sobretudo porque significaria resgatar para o seu domínio uma área económica importante: a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP ), que já tutelou e perdeu quando apresentou a demissão em 2013.

Portas perde peso na coligação

A tomada de posse do novo Governo só acontecerá depois de apurados os resultados eleitorais (a lei determina um prazo limite de dez dias), mas Passos quer chegar a entendimento com Portas “rapidamente” sobre os nomes a designar.

E é justamente nas aquisições para o novo Governo de coligação PSD/CDS-PP que podem residir as maiores surpresas. A começar por Rui Rio. Fonte do partido garante ao JN que o ex-presidente da Câmara do Porto já terá sido “informalmente desafiado” a integrar o novo Governo (para a Defesa ou para a Administração Interna) e que não o terá declinado. Rio recusou tecer comentários.

Apesar disso, o seu nome poderá ser um dos poucos a reunir consenso entre Passos e Portas. Depois, cada um deles terá os seus acólitos para nomear. “Passos Coelho gosta de agradecer as lealdades. Marco António Costa e Luís Montenegro hão de estar na lista de pessoas que vai querer premiar”, antecipa um dirigente do partido.

O problema é que Portas segue pelo mesmo diapasão e “há muito tempo que tem vontade de lançar João Almeida, que considera a principal promessa do partido”. O nome de Nuno Magalhães, líder da bancada parlamentar centrista, tem sido também equacionado para integrar o Governo. No entanto, o CDS tem um inconveniente. Perdeu 170 mil votos, o que significa menos 23,3%. Continua acima da CDU, mas muito abaixo do BE.

Fonte JN