Rio desafia Governo a atuar sobre evolução “dramática” da taxa de mortalidade

O presidente do PSD desafiou hoje o Governo a atuar sobre a evolução “absolutamente dramática” da taxa de mortalidade em Portugal, com o primeiro-ministro a responder com um estudo preliminar que a liga ao aumento das ondas de calor.

Na primeira intervenção no novo modelo de debates com o Governo, Rui Rio disse querer trazer um tema que considera “o mais importante que poderia trazer” e apontou números que considerou provarem que “o PS e o Governo concentraram o Serviço Nacional de Saúde (SNS) nos esforços de combate à pandemia”.

“O que acontece é que a taxa de mortalidade em Portugal tem evoluído de forma absolutamente dramática”, afirmou, concretizando que entre 02 de março e 20 de setembro morreram 64.100 pessoas, “mais 7.100 óbitos do que foi a média dos últimos cinco anos”, um aumento de 12,5%, e destes só 1.920 eram atribuíveis à covid-19.

“Posso facultar um estudo preliminar sobre o excesso da mortalidade de janeiro a junho onde se refere, em particular, a incidência da elevada temperatura e das ondas de calor como podendo haver uma correlação”, começou por responder António Costa.

O presidente do PSD enumerou depois vários números sobre a quebra assistencial no SNS, quer nas urgências, quer nas consultas, quer nos exames.

“Fora do hospital, as mortes foram mais 27% do que o normal. O problema está na falta de assistência”, apontou.

No entanto, o primeiro-ministro voltou a invocar o mesmo estudo preliminar para negar esta conclusão do presidente do PSD.

“O estudo concluiu que não há uma correlação entre a quebra da atividade e o aumento do número de óbitos registado neste período”, disse, embora reconhecendo que, com a pandemia de covid-19, houve uma “quebra muito significativa” na atividade assistencial na saúde.

Questionado por Rio quando cumprirá o Governo a promessa de todos os portugueses terem médico de família, António Costa admitiu que o executivo ainda não alcançou esse objetivo, mas adiantou que no próximo dia 10 mais 435 médicos de saúde familiar passarão a integrar o SNS.

“Estamos aqui num debate político entre oposição e Governo, mas para mim o que é mais importante é, através deste debate, sensibilizar o Governo a atuar nesta matéria”, desafiou Rio.

Lusa