Há vários séculos que o dinheiro desempenha um papel fundamental na sociedade mas tudo muda, e o dinheiro não é exceção. O futuro é digital e esta semana, o Reino Unido deu um passo nesse sentido, com o governo a pedir ao Banco de Inglaterra para averiguar a viabilidade da Britcoin: uma criptomoeda britânica que coexistiria com o dinheiro tradicional.
Haydn Jones é um especialista em criptomoedas e explicou à euronews a diferença entre as duas:
“Seriam ambas validadas por um ativo assegurado pelo Banco de Inglaterra. Com as notas, o valor é garantido por títulos, no caso das moedas digitais a garantia seria dada também por um instrumento do Banco Central. A diferença é que com uma nota de cinco libras não podemos fazer nada em termos digitais. Com uma versão digital podemos adicionar condições aos pagamentos, por exemplo, posso tornar o pagamento condicional e dependente da realização de qualquer coisa em troca.”
A iniciativa britânica está longe de ser única. O ano passado as Bahamas tornaram-se no primeiro país a lançar a sua própria criptomoeda e mais de seis dezenas de bancos centrais, incluindo o Banco Central Europeu, estão atualmente a estudar a sua versão de dinheiro digital, que permitiria às pessoas guardar dinheiro diretamente nos seus computadores ou telemóveis.
A bitcoin foi pioneira neste tipo de operações e se é verdade que já várias pessoas ganharam fortunas com esta criptomoeda, não é menos verdade que as suspeitas permanecem. No caso das criptomoedas nacionais, com uma agravante.
Nic Carter, especialista em criptomoedas, avisa que “o pior cenário seria algo como o que acontece na China, uma criptomoeda completamente vigiada e que será usada para controlar as decisões que as pessoas fazem, as suas compras, o que na prática é controlar as suas vidas. Espero que as versões ocidentais sejam mais orientadas para os indivíduos mas ainda não é claro que isso aconteça.”
Apesar das dúvidas, parece certo que as criptomoedas chegaram para ficar. O dinheiro não passará a cair do céu, mas pode muito bem nascer num computador perto de si.
Bruno Sousa / Euronews