8.9.2023 –
Em três dias, Portugal registou pelo menos seis sismos com magnitude igual ou superior a 2 na escala de Richter. O mais forte, de 3,9, ocorreu no Algarve e a partir daí parece que os abalos se estenderam para norte ao longo do continente. O geofísico Miguel Miranda diz ao SAPO24 que tudo isto “é sismicidade normal”, mas é preciso estar sempre alerta.
Durante a madrugada de 5 de setembro, às 01:49, ocorreu um sismo com magnitude 3,9 na escala de Richter e epicentro localizado a 98 quilómetros a sul-sudoeste de Faro. Horas depois, às 11:17, Olhão sentiu um abalo de 3.7.
Mas não ficou por aí. Às 15:47, Évora também abanava com um sismo de 2,6 na escala de Richter e às 19:21 foi a vez de Arouca com 2,5. Pelo meio, o Faial, nos Açores, sentiu um abalo com magnitude 2,0.
Entretanto passaram dois dias, mas a terra continua a tremer: esta quinta-feira foi a vez de Vila Verde e Ponte de Lima, onde foi registado um sismo com magnitude 2,2 na escala de Richter.
A cronologia obriga a que se olhe para o que está a acontecer, mas a atividade sísmica deve ser vista como algo normal no território continental e nas ilhas.
“É sismicidade normal. São sismos que ocorrem na mesma placa tectónica, provavelmente devido a uma flutuação do estado de tensão. Não é nada de muito preocupante”, explica ao SAPO24 o geofísico Miguel Miranda, que admite que “realmente houve um sismo um pouco mais energético a sul do Algarve”.
E se os locais que tremeram parecem ter “uma progressão de sul para norte”, a verdade é que “temos aqui apenas o estado normal de sismicidade de um território que, como todos sabemos, é ativo e tem este tipo de fenómenos com alguma frequência”.
Por isso, o geofísico garante que “não há nada de estranho” a acontecer nestes últimos dias. “Estes sismos de infra-placa não são devido a movimentos relativos entre duas placas tectónicas”, o que seria mais preocupante.
Desta forma, as pessoas “podem respirar de alívio, mas no continente português e nas ilhas nunca se pode respirar totalmente de alívio”.
“É preciso perceber que isto é uma zona sísmica e, portanto, temos de estar sempre preparados para a iminência de um sismo bastante mais energético do que isto”, evidencia Miguel Miranda.
Resta então a questão que levanta sempre receios: pode acontecer um sismo como o de 1755? A resposta é sim, mas não é isso o mais importante. “O medo não serve para nada, mas a prevenção serve”, atira o geofísico. Por isso, a população deve “seguir as indicações que a Proteção Civil está continuamente a dar no caso de se sentir um sismo”.
“As pessoas devem saber onde estão os espaços dos sítios onde moram que são mais resistentes a um tremor de terra e devem seguir os bons comportamentos: proteger-se, lembrar-se dos objetos que estão suspensos, perceber que temos de organizar a nossa vida e o modo como utilizamos os espaços numa forma que seja compatível com a ocorrência eventual de um movimento sísmico significativo”, enumera.
E o país está preparado? “Portugal somos todos, não é? Do ponto de vista dos exercícios tem sido feito muita coisa pelas entidades que são mais críticas, como a Proteção Civil, os Serviços Municipalizados de Proteção Civil, os bombeiros e as autarquias, mas é evidente que nada pode funcionar se não houver um envolvimento concreto dos cidadãos”.