São sete, por agora, os ucranianos chegados a Mira. Vieram extremamente cansados mas… vivos e com enorme vontade de seguir em frente.!
Do dia para a noite, todo um povo passou a conhecer a tragédia de ser agredido por ar ou por terra. Forçados a deixar para trás homens em condições de lutar, mulheres, crianças, adolescentes e seniores passaram a cruzar fronteiras em busca de um abrigo, alimentação, água e tudo o que seja preciso para que a dura sobrevivência desses dias lhes toque.
Muitos estão nos países limítrofes, com espercial destaque para a Polónia que já recebeu mais de um milhão de refugiados e em outros relativamente próximos. Mas, também de países longínquos, como Portugal, chegaram os braços estendidos a um povo que não se rende, não se entrega e não se verga!
Estes sete cidadãos vieram do Leste, sempre de carro até Lisboa, onde um veículo da Câmara Municipal de Mira foi buscá-los. Chegaram ao Concelho por volta das 19:00 horas desta segunda-feira e agora, com toda a razão do mundo, só pretendem descansar do caminho iniciado às portas do inferno que os trouxe até a retemperante pacatez gandaresa.
O Jornal Mira Online ouviu o autarca Rul Almeida sobre a chegada desse primeiro contingente e sobre tudo o que cercou e continuará a cercar esta verdadeira epopeia dos tempos modernos que, muito em breve, fará parte dos livros de História.
Para o Presidente da Câmara Municipal de Mira, “neste momento, o importante é deixarmos claro às pessoas que os sete estão bem de saúde, muito cansados – claro – mas, bem!”. Admitindo que tem recebido “dezenas largas de mensagens e telefonemas dos nossos cidadãos que se disponiblizaram a ajudar” ele fez questão de transmitir “um enorme agradecimento a todas as pessoas, empresas, IPSS´s, Bombeiros, Juntas de Freguesia – é impossível enumerar todas – que se envolveram desde a primeira hora, connosco e com a comunidade ucraniana local, para que isso se tornase uma realidade!”.
Classificando este enorme movimento solidário como algo “poucas vezes visto”, Raul Almeida deu conta de que “as pessoas disponibilizam, em momentos como este, tudo aquilo que têm em prol de pessoas que nem sequer conhecem… isso é digno de nota, pois também não faltaram “casas particulares” onde os proprietários pudessem albergar quem está a chegar”… daí, a certeza de que os mirenses, também eles, são solidários, prestativos incansáveis na hora de devolver a esperança a quem já havia perdido este sentimento!
“Agradecemos, de coração, a todos os que se prontificaram a ajudar. Estou certo de que, à medida que a coordenação for necessitando, irá contar com essa generosidade expressa…”
Por fim, o autarca fez questão de deixar claro que toda a coordenação conjunta com as autoridades lusas, tem decorrido “na perfeição, com os planos elaborados a serem concretizados a 100%, mesmo antes da chegada deste grupo” incluindo a “disponibilidade total das nossas empresas, onde pretendemos que eles também se instalem, para que possam se integrar o mais rapidamente possível…”
Jornal Mira Online