03.10.2023 –
A 1 de Setembro, o ex-autarca de Mira assumiu o Turismo Centro de Portugal. Poucos dias depois de completar o primeiro mês de mandato, Raul Almeida fala sobre a sua experiência nesta nova função.
1 – Que balanço faz do primeiro mês do seu mandato à frente do Turismo do Centro?
RA – Faço um balanço claramente positivo. Foi um mês de trabalho árduo, como seria de esperar, mas muito recompensador. Neste primeiro mês, tive oportunidade de começar a conhecer melhor “os cantos à casa”, como é habitual nestas situações. No entanto, com uma “casa” tão grande, este é um objetivo que não se concretiza em poucos dias: devo lembrar que a Entidade Regional de Turismo do Centro abrange a maior região turística do país, com 100 municípios.
Neste mês, juntamente com a minha equipa, mantive reuniões de trabalho com alguns dos principais organismos do setor, como foi o caso do Turismo de Portugal, da Confederação do Turismo de Portugal e da CCDR-Centro, assim como com vários autarcas e associações da região. Nestes encontros, tivemos a oportunidade de conversar sobre temas que consideramos prioritários para a evolução da atividade turística.
2 – Embora já conhecesse “a casa”, encontrou situações que pensa serem merecedoras de alterações?
RA – O Turismo do Centro tem um percurso de sucesso crescente e é uma marca hoje reconhecida por todos mas, como acontece em qualquer estrutura, há sempre a possibilidade de melhorar. É o que vamos procurar fazer neste mandato, maximizando os recursos disponíveis com o objetivo de maximizar também a promoção turística da região.
3 – Já implementou medidas que constavam do seu manifesto de candidatura ao cargo? Se sim, qual ou quais?
RA – Estamos a dar os primeiros passos para concretizarmos as nossas ideias. Disse no meu discurso de candidatura que, entre outras propostas, pretendia assegurar uma colaboração estreita com os principais interlocutores nacionais e regionais do setor, daí as reuniões que tenho mantido. Por outro lado, disse também que o Turismo do Centro teria de ser um parceiro indispensável na operacionalização dos investimentos a realizar nos próximos anos, nomeadamente no quadro de apoio do Centro 2030 para o Turismo. Para isso, estamos já a trabalhar de forma próxima e articulada com a CCDR-Centro.
No entanto, como já sublinhei, a primeira prioridade é inteirarmo-nos da realidade do setor do turismo na região.
4 – Das primeiras reuniões com quem opera na área turística da região, quais foram as suas primeiras impressões?
RA – Foram muito positivas. Fiquei com a convicção de que estamos em sintonia e procuramos o mesmo objetivo, que é o de trazer cada vez mais e melhores visitantes à região. O Turismo é um setor indispensável para o crescimento regional e estamos todos – entidades públicas, associações e empresas privadas – alinhados nesse propósito.
5 – Em que áreas específicas do Turismo pensa haver maiores carências? Como resolvê-las a curto/médio prazo?
RA – A carência mais evidente, e que carece de resolução mais urgente, é o da escassez de trabalhadores na atividade turística. A dificuldade de contratação é hoje uma dificuldade para os empresários e causa uma grande entropia para a atividade. Precisamos de, em conjunto com vários parceiros, nomeadamente a AHRESP, encontrar soluções para ultrapassar este problema. É fundamental apostar na capacitação, na captação e na retenção dos recursos humanos.
Depois, temos também carências a nível das acessibilidades. Somos a única região do país sem uma infraestrutura aeroportuária, o que limita a vinda de visitantes estrangeiros. Além disso, a região é mal servida por ferrovia – basta ver a eternização das obras da Linha da Beira Alta – e, mesmo a nível rodoviário, um eixo tão fundamental como a transformação do IP3 em autoestrada continua por fazer. Tudo isto são obstáculos para a captação de turistas.
Jornal Mira Online