27.2.2024 –
“Portugal é um país que tem todas as condições para providenciar uma boa qualidade de vida aos seus habitantes. Aliás, é à procura dessa qualidade de vida que muitos estrangeiros decidem vir, quer seja trabalhar, estudar ou viver, sobretudo, depois da reforma. Mas estaremos de facto no caminho certo ao nível da qualidade de vida?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), qualidade de vida é “a perceção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, normas e preocupações”. Ou seja, qualidade de vida é um conceito subjetivo, que varia de pessoa para pessoa, de acordo com as suas preferências, necessidades, valores e aspirações. Por isso, não existe uma definição única ou uma medição universal para avaliar a qualidade de vida de um país ou de uma população. Como tal, não podemos avaliar um país sem avaliar todos os municípios e respetivas freguesias do nosso grande Portugal. Contudo, existem alguns indicadores que nos podem ajudar a ter uma ideia geral de como é a qualidade de vida num determinado lugar, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Índice de Bem-Estar, o Índice de Felicidade e o Índice de Qualidade de Vida.
Estes indicadores têm em conta aspetos como saúde, educação, segurança, ambiente, democracia, direitos humanos, cultura, lazer, entre outros. Analisando esses indicadores, Portugal é um país que apresenta uma razoável qualidade de vida, comparado a outros países da Europa e do mundo: o IDH de Portugal é de 0,864, colocando-o na 38.ª posição entre 189 países, segundo o relatório de 2020 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Falamos de um indicador composto por três dimensões: saúde, educação e rendimentos.
Por sua vez, o relatório do INE de 2020 refere que o Índice de Bem-Estar de Portugal é de 6,9, estando Portugal na 13.ª posição, entre 41 países da União Europeia (UE). Já o Índice de Felicidade coloca-nos na 59.ª posição em 156 países, de acordo com o relatório de 2021 da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (SDSN). Por fim, segundo o site Numbeo, o Índice de Qualidade de Vida revela que Portugal está na 19ª posição entre 81 países.
Como podemos ver, Portugal tem pontos positivos e negativos em relação à qualidade de vida, dependendo do indicador e do critério utilizado. No entanto, para uma melhor avaliação, considero importante criar o nosso próprio instrumento de medição da qualidade de vida para poder avaliar, monitorizar e criar estratégias de melhoria para todos os portugueses.
Além dos indicadores mencionados, seria importante incluir outros fatores que podem influenciar a qualidade de vida em Portugal. Alguns desses fatores passam pelo clima, que faz com que Portugal seja considerado um dos mais encantadores países da Europa e do mundo, sendo atrativo para muitas pessoas que procuram uma vida mais saudável e feliz; a cultura portuguesa, tida como uma das mais ricas da Europa e do mundo, sendo um motivo de orgulho e identidade para os portugueses e de admiração e curiosidade para os estrangeiros; a segurança, tendo em conta que, segundo o Índice Global da Paz de 2020, Portugal é o 3.º país mais pacífico do mundo, o que permite que as pessoas vivam com tranquilidade; e, por fim, a saúde, uma vez que temos um sistema de saúde público, universal e gratuito que procura assegurar e prestar cuidados às pessoas que dele necessitem.
Tendo isto em conta, enquanto Associação Portuguesa da Qualidade de Vida, acreditamos ser essencial criar um instrumento que avalie e meça a qualidade de vida de todos os portugueses, de forma a podermos implementar estratégias de melhoria em todo o País. Nesse sentido, estamos a trabalhar, em parceria com o INTEC – Instituto de Tecnologia Comportamental -, para tornar esta ambição uma realidade e conseguirmos fazer um retrato dos vários municípios portugueses e das suas condições de qualidade de vida. Este será, sem dúvida, um grande passo para colocarmos a qualidade de vida na agenda mediática e no centro da discussão política, para que juntos consigamos aumentar a qualidade de vida dos portugueses”.
José Manuel Teixeira
Presidente da direção da Associação Portuguesa da Qualidade de Vida