Professores portugueses não deverão regressar este mês a Timor-Leste

A quase totalidade dos professores portugueses destacados em Timor-Leste ao abrigo de um projeto luso-timorense em escolas timorenses não deverão viajar para Díli no voo que está previsto para este mês, segundo fonte do Ministério da Educação.

A fonte explicou que em causa estava a questão do pagamento das passagens dos docentes, da responsabilidade do Ministério da Educação timorense, cuja data, por questões administrativas, Timor-Leste não podia garantir.

Uma decisão “difícil” que foi tomada também devido ao adiamento da data inicialmente prevista para o voo, que passou de 6 para 20 de setembro, o que implicava que os professores — que teriam à chegada de cumprir quarentena — só poderiam regressar às aulas em outubro.

O ano letivo em Timor-Leste termina em dezembro, com o que, contabilizada a época de exames, os professores só teriam cerca de um mês de aulas antes de, eventualmente, deverem regressar a Portugal.

O Ministério da Educação explicou que viajarão apenas cinco coordenadores das escolas que estão em Portugal, garantindo que a situação “não afeta em nada o futuro do projeto ou da cooperação” com o Governo português nesta matéria.

Em causa está a situação de um grupo de 88 dos 138 professores destacados nos Centros de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE) que optaram por partir para Portugal no voo de repatriamento no início de abril.

Desenvolvido em conjunto pelos Ministérios da Educação de Portugal e de Timor-Leste, que partilham as despesas, o projeto centra-se na requalificação do ensino timorense em língua portuguesa, em escolas públicas em todos os municípios e na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA).

Depois de meses sem poderem regressar, já que Timor-Leste suspendeu os voos comerciais desde março, a Euro-atlântico, que já tinha realizado o voo de repatriamento no início de abril, mostrou disponibilidade para realizar uma nova ligação este mês.

O voo vai ser usado maioritariamente por portugueses e timorenses que precisam de viajar nos dois sentidos, entre os quais se incluem dezenas de estudantes de Timor-Leste que estão em vários países (Cuba, Brasil, Reino Unido, Itália e Portugal) e querem regressar a casa.

Numa primeira fase chegou a ser equacionada a vinda de apenas cerca de metade dos docentes, os mais necessários para os vários níveis de ensino e as várias disciplinas.

Essa opção acabou por ser posta de parte posteriormente, ficando apenas previsto o regresso a Timor-Leste dos coordenadores, possivelmente recorrendo ao voo do Programa Alimentar Mundial (PAM), em data a confirmar.

Timor-Leste, que está no quinto período de 30 dias de estado de emergência, tem atualmente um caso ativo da covid-19, com 26 doentes já recuperados desde o início da pandemia.

Lusa