07.1.2023 –
“Cansados” assumem-se os professores que, em alguns casos, já lecionam há mais de duas décadas sem conseguirem “entrar no quadro”, aos quais se juntaram os assistentes que recebem mensalmente “pouco mais que o salário mínimo, mesmo que estejam a trabalhar há mais de 30 anos”. Por isso realizaram uma Reunião Sindical, em frente a Escola Secundária de Mira.
A manhã do dia 6 de Janeiro serviu para que um grande número de professores e funcionários das diversas escolas do Concelho de Mira estivessem em protesto pelo que designem de “uma escola que volte a ser atrativa para que surjam novos professores e onde todos os profissionais sejm valorizados e os alunos se sintam atraídos pelo bom ensino”.
O Jornal Mira Online conversou com diversos intervenientes e também com uma representante do Sindicato, a Professora Ernestina Tiago e, foi ela quem deu voz a uma “revolta generalizada, por todo o país, por tantas injustiças que são feitas nesta área”.
Ernestina Tiago deu exemplos – e não foram poucos – dos motivos pelos quais a classe está em luta. “Não lutamos somente pela valorização da nossa carreira mas, sim, por todos os que desejam que o ensino seja mais forte, mais atrativo e mais compensador. Nossos educandos merecem uma escola de qualidade… Veja bem, que o Ministério quer criar, por exemplo, uma situação onde sejam os Conselhos Municipais a escolherem os professores, através de um determinado perfil e nós bem sabemos que o “amiguismo” funcionará em pleno!”. Assumindo que a ideia é a de “haver um Concurso que tenha em conta a graduação de cada um a nível nacional”, Ernestina Tiago deixa a lembrança de que “para além de um estrangulamento nas entradas para os 5º e 7º escalões, estivemos “congelados” de tal forma que nos devem 6 anos, 6 mêses e 23 dias de um trabalho cansativo que desempenhamos com muito amor”.
A sindicalista deixou claro que pretendem acabar com a “desinformação e com o misticismo de que os professores têm muitas férias e que trabalham menos do que deviam. Além de termos perdido 20% do nosso poder de compra ao longo dos anos e termos colegas contratados há mais de 20 anos com um salário que pouco passa os 1.000 euros, ainda vemos o MInistério da Educação, desde há muitos anos, deixar a população a pensar que pouco fazemos quando, na verdade, estamos sobrecarregados de uma burocracia interminável, com todo o tipo de informações a ser exigido a quem devia estar a dar aulas! Em suma, estão a destruir uma carreira digna, para onde os jovens não querem ir, pois já sabem bem aquilo que temos passado…”
Por esse imenso ror de reclamações e reivindicações é que os professores irão a Lisboa no dia 14 de Janeiro, juntar-se a professores de todo o país, numa mega-manifestação. Em menos de um dia, 30 docentes já haviam sido registados na lista que compõe aqueles que se deslocarão em autocarros. Para eles, “vale a pena a deslocação e a luta, porque… um país sem educação é um país pobre!”
Entretanto, fonte oficial do Agrupamento de Escolas de Mira deu conta ao Jornal Mira Online, dos números oficiais da sexta-feira nas Escolas do Concelho: Estiveram em greve 2 funcionários. Em plenário, estiveram 49 professores e 27 funcionários. Já o número de escolas condicionadas foi de 4 (Praia de MIra e Carapelhos, não tiveram aulas para o primeiro ciclo, para além de Portomar e Secundária). Por fim, estiveram 3 escolas encerradas (EB1, EB 2,3 e Lagoa).
Jornal Mira Online