“O relato financeiro, hoje em dia, é um relato que se baseia em questões muito conservadoras, em que as empresas não se diferenciam”, revelam apenas rácios positivos ou negativos que indiciam o cumprimento de compromissos e obrigações, afirmou a bastonária da OCC, Paula Franco, em entrevista à Lusa
A prestação de contas das empresas, baseada no reporte financeiro, está ultrapassada e vai “mudar completamente”, para incluir o desempenho social, ambiental ou distribuição de lucros, do interesse de bancos e trabalhadores, revelou a Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC).
“O relato financeiro, hoje em dia, é um relato que se baseia em questões muito conservadoras, em que as empresas não se diferenciam”, revelam apenas rácios positivos ou negativos que indiciam o cumprimento de compromissos e obrigações, afirmou a bastonária da OCC, Paula Franco, em entrevista à Lusa.
O reporte financeiro é “muito pouco” para o que, atualmente, utilizadores de informação querem saber sobre as empresas, explica a bastonária, defendendo que a “curto prazo” vão ser, cada vez mais, incluídas “questões fundamentais” como a informação social ou a distribuição de dividendos das empresas, que revelem como se comportou em relação aos seus investidores e as preocupações no âmbito geral.
“A prestação dos contabilistas vai mudar completamente”, afirma a bastonária, porque a realidade, daquilo que a informação financeira revela, e que é usada por quem está a avaliar e a distinguir empresas, para investir ou tomar decisões, tornou “extremamente importante” diferenciar empresas através de novas “métricas”, que não as financeiras como a solvabilidade ou rentabilidade das empresas.
As métricas financeiras vão “deixar de ser o centro da questão” e os contabilistas vão preocupar-se, cada vez mais, com outras questões e preocupações das empresas, que vão verter na prestação de contas, juntando à tradicional informação financeira.
“É possível, num curto prazo de tempo, os bancos, para atribuírem financiamento às empresas, fazerem uma avaliação baseada, também, em métricas não financeiras (…) com informação sobre que preocupações ambientais a empresa teve, preocupações sociais e, até, com a sociedade em geral, para se diferenciar de outras”, estimou Paula Franco.
A bastonária lembrou ainda que o acesso a financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) exige também uma distinção das empresas por esse tipo de preocupações, e com informação qualitativa, que se junta à quantitativa, e que pode ser usada para um fornecedor decidir aceitar determinado cliente ou para um trabalhador avaliar se a empresa que se quer candidatar tem preocupações com o seu futuro.
Paula Franco iniciou funções na Ordem em março de 2018 e, há duas semanas, entregou a sua recandidatura, para o próximo quadriénio, às eleições para os órgãos sociais da OCC, no mandato 2022-2025, marcadas para 18 de novembro.
A Ordem conta com cerca de 68 mil membros inscritos.
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