Presidenciais: Último debate televisivo junta os 10 candidatos

Os dez candidatos presidenciais vão estar hoje, pela primeira e única vez, num debate televisivo de duas horas e meia, a última oportunidade para todos se confrontarem e responderem a novas questões.

 

Na última semana de campanha, o debate, na RTP, fecha um ciclo de mais de 20 debates que começaram no início do mês e que decorreram antes do início oficial da campanha, durante os quais se falou essencialmente do caso Banif e do consequente orçamento retificativo, das razões que levariam um Presidente a demitir o Governo e da independência dos candidatos.

Ainda que em termos gerais não tivessem sido muito polémicos, já na reta final desses debates um dos mais tensos envolveu Marcelo Rebelo de Sousa e Sampaio da Nóvoa, com Marcelo a acusar o adversário de ter um passado de “vazio e de ausência” de posições políticas, ao que o antigo reitor da Universidade de Lisboa respondeu procurando demonstrar posições contraditórias do adversário, conhecido pelos comentários e análises semanais na televisão.

“Os portugueses sabem onde eu estive no 25 de novembro, na altura da adesão ao euro. O professor apareceu agora virgem há três ou quatro anos, a tomar posição política”, acusou Marcelo Rebelo de Sousa. Na resposta Sampaio da Nóvoa apontou Marcelo, enquanto comentador, de ter sobre várias matérias “20 citações a dizer uma coisa e 20 citações a dizer o contrário”.

Sampaio da Nóvoa acusou ainda Marcelo de usar um “argumentário pobre”, ao que este perguntou: “Ir de soldado a general é pobre?”.

Outro debate com muitas trocas de acusações opôs Marcelo Rebelo de Sousa e Maria de Belém Roseira, que se acusaram de malícia e incoerência, num debate com sucessivas críticas pessoais em que recorreram a episódios das décadas de 80 e 90.

Marcelo Rebelo de Sousa confrontou Maria de Belém com a falta de apoio do PS e o silêncio de António Costa sobre a sua candidatura, o que a socialista considerou “perfeitamente normal”, rejeitando que esteja a dividir o seu partido.

Maria de Belém seria também a protagonista do último debate a dois nas televisões, com Sampaio da Nóvoa, quando ambos trocaram argumentos sobre os apoios do PS às candidaturas, com a antiga ministra orgulhosa por ser militante e o antigo reitor a lembrar que tem os apoios de Mário Soares e Jorge Sampaio.

Em pouco mais de uma semana os candidatos debateram também exaustivamente o resgate do Banif (Banco Internacional do Funchal) aqui com opiniões divergentes.

Marisa Matias, Paulo de Morais, Edgar Silva e Henrique Neto a discordaram do orçamento retificativo, os restantes a concordarem. Com exceção de Jorge Sequeira, que preferia ver o banco falir, e Vitorino Silva, que não foi explícito sobre o que preferia.

Excluindo Cândido Ferreira, que logo no dia 02 anunciou que não participaria nos debates televisivos por considerar que havia desigualdade de tratamento entre os candidatos, os restantes discutiram também as aproximações e ligações a partidos políticos. E não foram explícitos sobre o que fariam no caso de o PS ficar sem apoio parlamentar.

O combate à corrupção entrou também nos debates pela mão do candidato Paulo de Morais, que considerou que o Orçamento do Estado é “o instrumento de corrupção”. E disse também que demitiria um Governo que falhasse as promessas eleitorais. Henrique Neto e Vitorino Silva “alinharam” com Paulo de Morais mas os outros candidatos disseram que usariam essa prerrogativa em último caso.

Embora consensuais na crítica pela proximidade entre eleições legislativas e presidenciais ou sobre a não necessidade de revisão constitucional, nos debates os candidatos fizeram acusações mútuas, de forma mais agressiva nos últimos dias.

Henrique Neto acusou Marcelo Rebelo de Sousa de ser um dos responsáveis pela “destruição do país” e Maria de Belém (como ele militante socialista) de ser uma candidata de fação dentro do PS. O candidato apoiado pelo PCP acusou também Sampaio da Nóvoa de ser um candidato associado a uma fação dos apoiantes do PS, e considerou Marcelo o candidato “da continuidade” dos mandatos de Cavaco Silva.

Sem contradição estiveram as posições sobre o tema da adoção por casais do mesmo sexo. Pelo menos Marcelo Rebelo de Sousa, Marisa Matias, Sampaio da Nóvoa e Paulo de Morais promulgavam a lei.

O debate de hoje, transmitido a partir da Fundação Champalimaud, será moderado pelos jornalistas Vítor Gonçalves e Carlos Daniel e decorre entre as 21:00 e as 23:30.

Fontes: Diário Digital + Lusa