As notícias sobre as dívidas da Arábia Saudita aos hospitais públicos de Paris provocaram grande celeuma em França, porque o rei Salman bin Abulaziz Al Saud e a sua comitiva de quase mil pessoas acabaram de passar luxuosas férias na Côte d’Azur, privatizando – literalmente –palácios, grandes hotéis e mesmo uma praia desta zona mediterrânica, uma das mais chiques do mundo.
“Antes de partir de França, o rei da Arábia Saudita poderia ter pago as faturas de 3,7 milhões de euros que deve aos hospitais de Paris”, revelou, através rede Twitter, o médico Patrick Peiloux, conhecido por ser um célebre cronista no semanário satírico “Charlie Hebdo”.
A controvérsia alastrou e a dívida foi confirmada: trata-se de faturas não pagas por particulares sauditas, por organismos públicos e privados do mesmo país e pela sua embaixada em França.
Ao Expresso, uma fonte oficial do organismo que gere todos os hospitais da rede “Assistência Pública – Hospitais de Paris” (AP-HP) confirma a existência de uma “lista negra” de países devedores e Portugal figura num lugar não muito distante do reino saudita: devia, até ao fim de 2014, 2,4 milhões de euros por tratamentos e internamentos.
“No caso português, trata-se de dívidas de particulares e de organismos públicos e privados (seguros oficiais e privados), mas não da Embaixada”, diz a fonte ao Expresso. “São pacientes que procuram tratar-se em França devido à fama de qualidade que têm os nossos hospitais”, explica o mesmo interlocutor.
No total, os estrangeiros devem à AP-HP 118,6 milhões de euros, uma soma de tal forma alarmante que levou os seus administradores a não dispensarem, a partir de setembro próximo, certos estrangeiros de pagarem antecipadamente um montante previamente orçamentado das despesas previstas dos seus tratamentos nos hospitais de Paris.
Os portugueses, que figuram em 10.º lugar na lista dos maus pagadores (a Arábia Saudita figura em 7.º), farão parte dos que terão de avançar antecipadamente o custo dos seus tratamentos.
Na liderança da lista negra de países devedores, largamente destacada, figura a Argélia, com mais de 31 milhões de euros de faturas por pagar.
Fonte: Expresso