Homem de 41 anos apareceu morto dentro da viatura num arruamento em Belas, Luanda Sul. É o quarto cidadão português assassinado em Angola desde fevereiro.
Um cidadão português foi assassinado na terça-feira à noite em Luanda, baleado com dois tiros na sequência de um assalto perpetrado alegadamente por duas pessoas que se faziam transportar numa motorizada, disse esta quarta-feira à agência Lusa fonte oficial.
Rui Vareta Machado, diretor financeiro da empresa Rojual – Gestão de Projetos, onde a vítima trabalhava, mostrou-se chocado com a situação e confirmou à Lusa o assalto seguido de assassínio, afirmando desconhecer mais pormenores, uma vez que está a aguardar por um relatório da Polícia Nacional (PN) angolana, que já está a investigar o incidente.
Só depois, prosseguiu, é que se tratará dos procedimentos para trasladar o corpo para Portugal, onde será sepultado.
O português, de 41 anos, natural de Montalvo, concelho de Constância (Santarém), que apareceu morto dentro da viatura num arruamento em Belas, Luanda Sul, é o quarto cidadão português assassinado desde fevereiro deste ano e o terceiro no mês em curso.
No dia 16, um empresário português de 45 anos, gerente da empresa Food Love Market, residente em Angola, foi encontrado sem vida, com as mãos amarradas, na casa de banho da sua residência num condomínio no bairro do Kilamba, arredores de Luanda.
Para já, desconhece-se o móbil do crime que vitimou o empresário, natural de Carrazeda de Ansiães (distrito de Bragança, nordeste de Portugal) e que viveu na Cidade do Cabo, onde tem família, até há cerca de um ano, quando se mudou para Luanda e abriu a empresa.
Quatro dias antes, outro cidadão português, de 62 anos, mecânico de profissão, foi também morto a tiro na sequência de um assalto perpetrado por três homens, que lhe roubaram a motorizada à porta da sua residência, no Bairro do Zango III, tal como contou à Lusa o irmão da vítima.
Segundo a mesma fonte, o crime foi testemunhado pela filha da vítima, de sete anos, adoentada com paludismo e que acompanhava o pai para ir à farmácia comprar medicamentos.
A 21 deste mês, num comunicado, o Ministério do Interior angolano indicou ter detido um suspeito da morte deste português, mas não adiantou pormenores, limitando-se a adiantar a detenção “por presumível prática do crime de homicídio voluntário, concorrido com o roubo qualificado de uma motorizada”.
No documento é referido que o suspeito “também é confesso no crime de homicídio frustrado” de um cidadão da Guiné Conacri.
A 3 de fevereiro último, outro empresário português, de 85 anos, natural de Trás-os-Montes, foi encontrado morto no quarto da sua residência em Malanje, 380 quilómetros a leste de Luanda, com a cabeça ensanguentada.
Na ocasião, o porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SIC) angolano em Malanje, Lindo Ngola, confirmou que a morte do empresário português foi provocada por “meliantes não identificados”, que lhe desferiram “vários golpes na cabeça com objetos contundentes”.
A morte do proprietário do Restaurante Capri e da Tété e Gouveia Limitada foi considerada pela polícia como um “homicídio qualificado” praticado por “elementos não identificados”.
Há cerca de uma semana, e questionada pela Lusa no final da visita de trabalho de três dias que efetuou então a Angola, a ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van Dunem, manifestou a preocupação do Governo de Lisboa com os assassínios de cidadãos portugueses no país lusófono, sublinhando, porém, confiar na capacidade de investigação das autoridades angolanas.
“É óbvio que essa é uma questão que nos preocupa. Essas questões são tratadas através dos canais diplomáticos normais com as autoridades angolanas, no sentido do esclarecimento das circunstâncias destes crimes”, afirmou Francisca Van Dunem, salientando, porém, que o assunto é do foro judiciário.
“Estamos a falar de questões que estão no foro judiciário e, por isso, respeitamos, temos todo o interesse e damos todo o apoio que for necessário e que nos for pedido ao nível das investigações. Mas confio nas autoridades angolanas e na capacidade que terão para investigar esses crimes até ao fim e num prazo razoável”, sublinhou.
Lusa