Portugal leva à feira de calçado de Milão comitiva mais “modesta” mas motivada

Trinta e três empresas portuguesas, metade das que integraram a última edição da mostra, participam de domingo a quarta-feira na maior feira de calçado do mundo, que em contexto de pandemia vai reunir 500 expositores em Milão, Itália.

“Depois de meses atípicos, de um inesperado confinamento, a indústria de calçado está de regresso aos grandes palcos”, congratula-se a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), salientando tratar-se de “uma edição muito esperada” da MICAM, “em virtude de dezenas de cancelamentos de eventos internacionais nos últimos meses”.

Embora arranque “a um ritmo modesto, com 500 expositores, longe dos 1.600 do passado recente”, a 90.ª edição da MICAM conta já com 5.000 compradores registados, sobretudo oriundos de Itália e da Europa, e às 33 empresas portuguesas de calçado participantes juntam-se mais nove na Lineapelle, a feira de componentes para calçado de referência.

“A MICAM será o primeiro grande evento à escala internacional a ser realizado na Fiera Milano Rho desde o bloqueio. Será uma oportunidade de relançamento para as empresas de calçado”, considera o presidente da feira, citado num comunicado.

Para Siro Badon, “o encontro presencial na feira ainda é a melhor forma de fazer negócios, permitindo que os compradores possam ter contacto direto com os fornecedores”.

Já o presidente executivo da MICAM, Tomasso Cancellara, considera que “esta edição assumirá um significado particular, pois será uma oportunidade importante para todos restabelecerem laços com o mercado e criarem novas oportunidades, em total segurança”.

De acordo com a organização, quer a MICAM, quer a Lineapelle, decorrerão debaixo de bastantes condicionamentos, em especial no que se refere a medidas de higiene e segurança, nomeadamente com o uso obrigatório de máscara, medição da temperatura à entrada e saída dos certames, e limpeza e higienização dos ‘stands’ de expositores várias vezes ao dia.

Pela primeira vez, no espaço da MICAM haverá uma área ocupada pela MIPEL (mostra de artigos de pele e marroquinaria), contando ainda esta edição com o espaço “TheOneMilano Special”, um destaque da MICAM (com moda feminina ‘prêt-à-porter’) em formato original que promete “oferecer novas oportunidades para compradores e visitantes”.

Já a “MICAM X área” será um “laboratório de ideias inovadoras” e receberá reuniões e iniciativas com foco nos quatro grandes temas lançados na edição de fevereiro de 2020: “Futuro do Retalho”, “Sustentabilidade”, “Tendências e Materiais”, “Património e Futuro”.

O “País das Maravilhas” é apresentado como “uma área incomum”, no Pavilhão 3, inspirada no segundo capítulo do País das Maravilhas, o conto de fadas que fornece o tema para a edição de setembro da feira.

Ainda previsto está um espaço para os ‘designers’ emergentes: “Não pode haver um verdadeiro relançamento da indústria se não construirmos o nosso futuro com os jovens. Por isso, nesta edição, mais uma vez está reservado um espaço especial para eles, que confirma a intenção da MICAM em mostrar os talentos mais promissores”, diz a organização.

Apenas com dois dias de duração, terça e quarta-feira, o evento dedicado aos componentes também terá configurações diferentes para responder às necessidades de segurança: “As empresas vão expor em ‘stands’ uniformizados e os corredores terão indicações de entrada/saída para evitar ajuntamentos. Todas as medidas de segurança prescritas serão adotadas, para garantir a segurança total de todos os participantes, visitantes e ‘staff’ de apoio”, garante a organização da feira.

A presença em certames internacionais insere-se na estratégia promocional definida pela APICCAPS e pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), com o apoio do Programa Compete 2020, e visa consolidar a posição relativa do calçado português nos mercados externos.

Aumentar as exportações, abordar novos mercados, contactar com novos clientes e testar novos produtos são alguns dos objetivos desta ofensiva promocional, no âmbito da prioridade dada à promoção comercial externa pela indústria portuguesa de calçado, que exporta mais de 95% da sua produção.

Lusa