Portugal e Brasil acordam cimeira para 2015 com observatório económico em agenda

Portugal e o Brasil acordaram esta segunda-feira a realização de uma cimeira entre os dois países este ano, onde será formalizada a criação de um observatório económico conjunto, disse, em Brasília, o ministro dos Negócios Estrangeiros português.

Em declarações à agência Lusa, após uma reunião com o vice-presidente brasileiro, Michel Temer, e com o seu homólogo, Mauro Vieira, o ministro Rui Machete (na foto) explicou que o novo Observatório Bilateral de Investimento é semelhante ao que já existe com Marrocos e ao que está a ser negociado com Angola.

O objectivo, acrescentou, é “analisar como estão a evoluir os investimentos do Brasil em Portugal e os investimentos de Portugal no Brasil”, bem como o “seu êxito às deficiências que se venham a verificar”.

A anterior cimeira decorreu em Portugal em 2013 e o novo encontro irá ter lugar no Brasil, disse Machete, que iniciou hoje uma visita de quatro dias ao Brasil. “Construir um observatório económico é uma boa forma de trocar impressões, congregar esforços e provavelmente animar processos de cooperação que de outro modo não existiriam”, explicou Rui Machete.

Um dos temas que deverá ser abordado no encontro será o reconhecimento de equivalências das habilitações académicas, uma reivindicação antiga de muitas universidades brasileiras que ainda não está totalmente respondida, reconheceu.

Embora elogie o trabalho do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), Machete salienta que o problema tem de ser resolvido ao nível de cada instituição.

“Tem que se chamar a atenção mais intensamente as instituições de ensino superior que são autónomas”, levando-as a compreender “as dificuldades que uma política alheia à necessidade da equivalência das habilitações causa no desenvolvimento da economia”, afirmou o ministro.

Dos encontros institucionais que teve em Brasília, Rui Machete destacou o “clima de grande franqueza e amizade” entre os dois governos, desafiando os empresários dos dois países a investirem mais nas relações económicas.

Lisboa e Brasília querem uma “cooperação mais intensa”, disse o ministro, minimizando o caso recente da fusão PT/Oi e eventuais sequelas para essa relação do sector privado. “Ao lado dessa experiência que não correu bem, a Embraer, por exemplo, é muito diferente e é a demonstração de que há experiências muito positivas”, recordou o governante português, admitindo que as “economias exigem que os empresários estejam à altura das circunstâncias e que haja uma certa dose de ambiência económica e alguma sorte para que as coisas se concretizem bem”.

Atualmente, exemplificou Rui Machete, Portugal apresenta indícios de estar “a recuperar de uma situação dramática em que viveu” enquanto o “Brasil está a defrontar-se com algumas dificuldades”.

Fonte: Lusa