Portugal está em 19.º lugar entre 115 países na transição para energias limpas, indicou hoje o Fórum Económico Mundial (FEM), que alertou para eventuais retrocessos à escala global devido à pandemia da covid-19.
Portugal desceu três lugares em relação a 2019 no relatório da FEM, no qual se salientou que a maioria dos países está a fazer progressos no processo de transição para energias menos poluentes, mas também que a pandemia da covid-19 pode levar a retrocessos.
O organismo publicou hoje um relatório baseado no Índice de Transição Energética 2020, que avalia o desempenho dos sistemas de energia de 115 países, em função do desenvolvimento e crescimento económico, sustentabilidade ambiental e indicadores de segurança energética, bem como a preparação das economias mundiais para “a transição para sistemas de energia seguros, sustentáveis, acessíveis e inclusivos”.
Portugal está em 19.º lugar, com uma pontuação de 64,2% (era 16.ª em 2019, com 65%), numa lista liderada pela Suécia, pelo terceiro ano consecutivo, seguindo-se Suíça e Finlândia.
França, em 8.º lugar, e Reino Unido, em 7.º, são os únicos países do G20 no ‘top’ 10, apontou o estudo.
Os Estados Unidos ficaram de fora do top dos 25 mais bem classificados pela primeira vez, por causa da “incerteza regulatória para a transição energética”, indica o relatório.
Apenas dois países de língua portuguesa figuram no ranking, com o Brasil em 47.º lugar e uma pontuação global de 57,9%, e Moçambique, em 109.º, com 42%.
A maioria dos países, 94 dos 115 analisados, registaram progressos desde 2015, apontou o FEM em comunicado, alertando no entanto que as alterações sem precedentes provocadas pelo novo coronavírus põem em perigo a transição para energias limpas.
A redução na procura de energia e a volatilidade dos preços representam riscos para a continuação da transição energética, apontou o organismo, instando os países a utilizar esta crise “para repensar a forma como a energia é produzida, fornecida e consumida”, introduzindo mudanças que respeitem o meio ambiente.
A incerteza económica gerada pelo novo coronavírus também poderá levar ao aumento do peso das faturas dos serviços energéticos nos orçamentos das famílias, num futuro próximo, alertou o organismo.
Entre as sugestões do FEM para inverter esta tendência está a criação de pacotes de ajuda à recuperação económica que tenham em conta estratégias de longo prazo e incluam estímulos à transição energética para energias mais limpas, com a adoção de sistemas energéticos “inclusivos e sustentáveis”.
Apesar de 75% dos países estudados terem melhorado os seus indicadores de sustentabilidade ambiental nos últimos cinco anos, o Fórum Económico Mundial considerou que os progressos não são suficientes, sublinhando que a sustentabilidade é o indicador que menos progride.
O índice ETI avalia a limitação dos subsídios energéticos, a redução da dependência das importações, os compromissos políticos para a transição energética, o investimento em energias limpas, a inovação e a eliminação gradual do carvão, entre outros critérios.
Lusa