Um grupo de cidadãos de Penacova, distrito de Coimbra, vai devolver ao presidente da câmara local, na próxima quarta-feira, as faturas de água, cujo aumento de tarifários contesta, foi ontem anunciado durante uma assembleia popular.
Em declarações à Lusa, no final de uma concentração de protesto que juntou durante a tarde, no centro da vila de Penacova, algumas centenas de pessoas, Jorge Neves, do Movimento Espontâneo de Cidadãos (MEC), revelou que foi aprovada “por unanimidade” a presença “em massa” dos populares na próxima sessão da Assembleia Municipal.
“As poucas pessoas que já receberam cartas com a nova fatura estão a devolvê-las por carta registada à APIN [Empresa Intermunicipal de Ambiente do Pinhal Interior Norte, concessionária de água e saneamento de 11 municípios de Coimbra e Leiria]. Mais de metade das pessoas ainda não recebeu as cartas, deve receber esta semana e uma das propostas aprovadas foi levar as faturas à Assembleia Municipal para as devolver ao presidente da câmara [o socialista Humberto Oliveira]”, explicou Jorge Neves.
Aquele cidadão acrescentou que estando agendada para a Assembleia Municipal – órgão presidido por Pedro Coimbra (PS) – duas propostas, uma do PSD e outra da CDU, para que o município saia da APIN (que é também a reivindicação principal do MEC Penacova), os cidadãos resolveram comparecer à reunião.
Na concentração de hoje, realizada no jardim lateral ao edifício dos Paços do Concelho, “para decidir conjunto de propostas para novas lutas “, marcaram presença vários representantes do movimento, residentes em diversas freguesias de Penacova, mas também nos concelhos de Castanheira de Pera (Leiria) e Lousã (Coimbra).
Na intervenção inicial, Jorge Neves criticou os autarcas dos concelhos que integram a concessionária de água e saneamento: “As pessoas que são poder nos nossos concelhos se demitiram de zelar pelos nossos interesses. (…) Não se importaram de sacrificar aqueles que deviam representar e que impõem aumentos brutais num bem essencial como a água”, argumentou.
Ao comentar uma conferência de imprensa da APIN, realizada sexta-feira, para esclarecer os recentes aumentos dos tarifários e aludindo a uma posição manifestada pelo presidente do município da Pampilhosa da Serra, José Brito Dias – que disse que os autarcas dos 11 municípios “estão tristes” pelo aumento das tarifas -, Jorge Neves manifestou acreditar na declaração.
“Disseram que não estão felizes e eu acredito, porque não contavam com a reação do povo. Ficamos muito felizes se saírem da APIN, caso não queiram sair que se demitam”, exortou o elemento do MEC Penacova.
Na conferência de imprensa de sexta-feira, o autarca da Pampilhosa da Serra referiu que os municípios foram obrigados a subir o preço da água e que talvez seja necessário “fazer barulho, para fazer sentir a quem decide que devíamos ter uma tarifa única nacional”.
Criada em 2018, a APIN agrega os sistemas municipais de abastecimento público de água, de saneamento, de águas residuais urbanas e de gestão de resíduos urbanos dos municípios de Alvaiázere, Ansião, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande (do distrito de Leiria), Góis, Lousã, Pampilhosa da Serra, Penacova, Penela e Vila Nova de Poiares (do distrito de Coimbra).
Abrange uma área de quase 2.000 quilómetros quadrados em territórios de baixa densidade, habitados por 84 mil habitantes e com 65 mil alojamentos.
Lusa